Émile Durkheim – Quem foi? Biografia, Obras e Importância

David Émile Durkheim foi um filósofo, antropólogo, sociólogo, psicólogo social e cientista político francês, considerado o pai da Sociologia, estabelecendo essa disciplina como uma ciência acadêmica.

Tendo como influência, entre outros, o filósofo inglês Herbert Spencer e o positivismo de Auguste Comte, Durkheim dedicou grande parte de sua vida à tarefa de estabelecer as formas de estudo e metodologias necessárias para transformar a Sociologia em uma ciência autônoma e independente.

Durkheim nasceu em Épinal, na França, em 1858. Oriundo de uma família de origem judaica, iniciou os estudos em Filosofia na École Normale Supérieure de Paris, em 1879, tendo como colegas de classe Jean Jaurès (político francês) e Henri Bergson (Prêmio Nobel de Literatura, em 1927), e como um de seus professores o famoso historiador Fustel de Coulanges.

Em 1887, após passar alguns anos na Alemanha, volta para França para lecionar Ciências Sociais na Universidade de Bordeaux. No mesmo ano, casa-se com Louise Dreyfus.

Émile Durkhein

Estudando a sociedade

A Sociologia é a ciência que estuda a sociedade e os fenômenos que nela ocorrem. Durkheim acreditava que os elementos que compõem uma sociedade são produtos da história, pois têm sua origem no mundo natural e, portanto, podem ser estudados de modo científico.

A sociedade, por sua vez, é formada pelo conjunto de ideias, crenças e sentimentos de cada indivíduo nela presente. A fusão dessas consciências individuais gera uma consciência coletiva. Para estudá-la, Durkheim criou o conceito de Fato Social.

Fato social

Questão central no trabalho de Durkheim, o fato social é um objeto (no sentido científico, portanto, pode ser observado e explicado) que exerce uma força coercitiva nos indivíduos, independente de sua vontade.

A língua, a moeda, o parentesco e a organização política são exemplos de fato social. O método escolhido para estudar o fato social é a comparação: os fatos sociais deverão ser comparados a outros fatos, garantindo, assim, a objetividade do método.

Em sua obra “O Suicídio”, publicada em 1897, Durkheim trata do suicídio como um fato social, mostrando como as taxas de morte voluntárias são constantes em diferentes períodos, portanto, um fenômeno que não age sobre o indivíduo – ao contrário, é causado por fatores presentes no meio social do indivíduo.

Principais obras

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Além de “O Suicídio”, podemos destacar, entre as inúmeras obras de Durkheim:

Da divisão do trabalho social

Tese de doutorado de Durkheim, publicada em 1893, nessa obra o autor analisa as funções sociais do trabalho, mostrando como elas são a principal fonte de coesão de uma sociedade. Segundo ele, a sociedade é dividida em dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica, associadas ao direito repressivo e ao direito restitutivo. Essa divisão apoia-se nos dois tipos de consciência, a coletiva e a individual, encontradas em um meio social.

Regras do método sociológico

É nessa obra, publicada em 1895, que Durkheim procura estabelecer as bases da Sociologia como uma nova ciência social, independente de outras já existentes. Para isso, sugere duas regras principais: é preciso ter um objeto específico de estudo; é preciso buscar um reconhecimento objetivo por um método científico, como forma de evitar conclusões subjetivas. Dessas regras derivam outras, que permeiam a metodologia desenvolvida pelo autor para os estudos sociológicos.

As formas elementares da vida religiosa

Nessa obra, publicada em 1912, o autor considera a religião um fenômeno social, fazendo um estudo comparativo entre religiões diferentes para entender suas origens. Para ele, essa comparação é possível, uma vez que as religiões têm elementos em comum, e seu desenvolvimento se dá pela segurança de um vida em comunidade.

Críticas

Nem mesmo um pensador como Durkheim está imune às críticas. Apesar da importância de sua obra e de sua contribuição para as ciências sociais, suas ideias sofreram críticas, sobretudo no que tange à ausência do indivíduo em favorecimento do coletivo.

A própria defesa da Sociologia como ciência foi questionada, e a definição do conceito de fato social foi definida como ambígua.

Legado

Fortemente abalado com a morte do filho André, na Primeira Guerra Mundial, Émile Durkheim morreu dois anos depois, vítima de um acidente vascular cerebral. O pensador é  considerado, junto com Max Weber e Karl Marx, o tripé da Sociologia Moderna.

Deixou uma obra imperecível e de grandeza única, bem como suas contribuições para o estabelecimento das ciências sociais, que foram importantíssimas.

Bacharel em História pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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