Marxismo – O que é? Conceito, Ideologia e Características

O século XIX foi um período de profundas mudanças sociais, marcadas, sobretudo, pelo desenvolvimento do sistema capitalista, impulsionado pela Revolução Industrial. Esse desenvolvimento acirrou ainda mais as desigualdades entre as classes sociais, aprofundando a distância entre a burguesia e o proletariado.

Vários pensadores se debruçaram sobre o problema, criticando o modelo de capitalismo e propondo uma série de teorias e modelos opostos, na tentativa de criar uma sociedade mais justa e igualitária. Uma dessas teorias, e com certeza uma das mais importantes, é o Marxismo.

O que é marxismo?

Marxismo

O Marxismo pode ser definido como o conjunto de ideais e teorias desenvolvidas por Marx e Engels nas diversas obras escritas pelos dois. Essas teorias versam sobre diversos temas, tais como, filosofia, economia e política, e tinham como objetivo compreender as relações sociais baseadas no sistema de produção capitalista.

O Marxismo abrange diversos conceitos amplamente utilizados e discutidos nos dias de hoje.

Conceito e bases do marxismo

O Marxismo é o fruto do trabalho desenvolvido por Karl Marx, filósofo e escritor alemão de origem judaica, nascido em 5 de maio de 1818, na cidade de Trier, então Reino da Prússia, e pelo também filósofo alemão Friedrich Engels, nascido em Wuppertal,em 1820.

A base do pensamento marxista parte de três principais influências, embora todas elas sofressem críticas posteriores:

  • O Idealismo alemão defendido por Hegel;
  • A economia política de Adam Smith e David Ricardo;
  • O Socialismo Utópico de Charles Fourier e Saint-Simon.
Marxismo

Para Marx e Engels, a forma como a sociedade se organiza economicamente, chamada por eles de modo de produção, influencia diretamente todos os meios sociais. Portanto, o capitalismo, como modo de produção hegemônico, influenciava em toda a sociedade, criando um sistema que explorava a classe trabalhadora.

Em outras palavras, a relação entre patrões e trabalhadores cria uma “Infraestrutura”, que por sua vez influencia a “Superestrutura”, que se define como tudo que está em volta da infraestrutura, ou seja, cultura, religião, economia, etc. Para os autores, era impossível reformar o capitalismo, pois existiam nele contradições estruturais insuperáveis, e, por isso, precisava deixar de existir.

O materialismo histórico

Segundo Hegel, as ideias mudam a sociedade. Para Marx e Engels, ao contrário, o que muda a sociedade é a ação. Nesse sentido, os dois rompem com idealismo hegeliano, propondo um método para compreender as sociedades a partir de sua organização econômica.

Marx acreditava que a história era marcada pela constante relação entre criação e satisfação das necessidades humanas e dos conflitos dela decorrentes. Nesse sentido, definiu quatro grandes estágios de desenvolvimento pelo qual a Europa passou:

  • Comunismo primitivo;
  • Sociedade escravista;
  • Feudalismo;
  • Capitalismo.
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A economia é o ponto central de estudo desse método, pois é ela que determina toda a sociedade.

Materialismo dialético

Esse conceito, que foi mais trabalhado por Engels, defende que a realidade não é estática, ao contrário, está sempre em movimento, sempre se transformando. Essas transformações geram contradições entre os diversos interesses entre dominadores e dominados que, por sua vez, motivariam as transformações históricas.

Mais-valia

Segundo Marx, o trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho em troca de um determinado salário que, porém, equivale a apenas uma pequena parte do lucro decorrente.

A maior parte do lucro da produção fica nas mãos do patrão, uma vez que o salário nunca corresponde, de fato, ao que foi produzido pelo trabalhador. Portanto, a mais-valia nada mais é do que a diferença entre o que o trabalhador produziu e recebeu. Todo o excedente fica com o patrão como resultado da exploração da mão de obra.

Marxismo

Fetichismo da mercadoria

Essa relação entre valor de uso e valor de troca resulta, segundo Marx, no fetichismo da mercadoria. Trata-se de uma relação social entre pessoas, mas mediada por coisas, tendo como resultado a aparência de uma relação direta entre as coisas e não entre as pessoas. É como se os objetos tivessem vida própria, surgindo sem as mãos humanas, nas quais a própria mercadoria parece determinar a vontade do produtor, e não o contrário.

Socialismo e Comunismo

Para acabar com toda a exploração do proletariado e as desigualdades cada vez maiores, era preciso acabar com o capitalismo. Para que isso acontecesse, era necessário que houvesse uma luta de classes com uma revolução do proletariado, com a expropriação dos meios de produção, que ficariam nas mãos da classe trabalhadora. As classes sociais seriam extintas, assim como o Estado opressor, chegando a uma sociedade justa e igualitária, que seria regulada pela própria população, a qual Marx e Engels chamaram de Comunismo.

Porém, para atingi-lo, seria necessário um período de transição entre o capitalismo e o comunismo, no qual a sociedade mudaria paulatinamente de um regime para outro, o Socialismo.

Bacharel em História pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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