Adoção no Brasil – Como funciona? Procedimentos e Problemas

A adoção é um dos atos mais lindos que alguém pode praticar. A intenção de criar uma criança desconhecida com todo o amor com a qual criaria o seu próprio filho é algo extremamente louvável. No Brasil, existem mais de 8 mil crianças e adolescentes esperando para serem adotados, fruto de famílias desajustadas, abandonos, abusos e inúmeras outras histórias.

Como funciona a adoção no Brasil?

Adoção no Brasil

 

Adoção é um ato jurídico no qual uma criança ou um adolescente passa a ser assumido como filho por uma pessoa ou um casal que não são seus pais biológicos, e que assumem, a partir desse momento, todas as responsabilidades pela guarda desse menor.

No Brasil, a adoção está prevista pelo Capítulo IV do Código Civil, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que entrou em vigor em 1990, e por várias outras leis que vieram somar no entendimento jurídico da questão.

O processo de adoção no Brasil é demorado e extremamente burocrático e, nesse sentido, a Lei 13.507/2017, sancionada pelo então presidente Temer, tentou desburocratizar e agilizar a adoção de crianças no país.

Atualmente, para que alguém esteja apto à adoção, é preciso seguir os seguintes requisitos:

  • Ser maior de 18 anos, independente do estado civil, ou casal casado ou em união estável;
  • A diferença de idade entre o adotante e o adotado deve ser de, no mínimo, 16 anos;
  • A adoção deve contar com autorização dos pais biológicos ou responsáveis;
  • Deve ser acompanhada por um juiz e pelo Ministério Público;
  • Avôs, bisavôs não podem adotar seu descendente, assim como irmãos;
  • A criança ou o adolescente precisa ter, no máximo, 18 anos, ou, no caso de já viver com os adotantes, no máximo 21 anos;
  • É necessário o consentimento expresso do adolescente maior de 12 anos;
  • Irmãos devem ser adotados juntos, de modo a evitar o desmembramento do grupo.

A adoção é irrevogável, e o adotado passa a ter os mesmos direitos que um filho biológico.

Adoção internacional

Adoção no Brasil

Para que famílias estrangeiras (incluindo famílias brasileiras residentes no exterior) possam adotar uma criança ou um adolescente no Brasil, é preciso comprovar que:

  • A colocação em família substituta é a melhor solução para aquele caso;
  • Foram esgotadas todas as opções de adoção da criança ou do adolescente em família brasileira;
  • Que o adolescente foi consultado pelos meios legais sobre seu desejo, e que se encontra preparado psicologicamente para tal.

As famílias residentes no exterior têm a preferência sobre casais estrangeiros.

Procedimentos para a adoção

A seguir, todas as etapas exigidas no processo de adoção:

  1. Fazer uma petição de inscrição de adoção no cartório da Vara de infância mais próximo, juntamente com todos os documentos exigidos. Após aprovado, seu nome passará a constar do cadastro de pretendentes à adoção;
  2. Realizar um curso de preparação psicossocial e jurídica, com duração de 2 meses. Após o curso, o candidato será submetido à avaliação, com entrevistas e visitas feitas por psicólogos e assistentes sociais. Os resultados serão enviados ao juiz da Vara de Infância;
  3. Após a aprovação dos laudos pelo juiz, os candidatos passam a fazer parte, oficialmente, da lista de adoção;
  4. Ao encontrar uma criança ou um adolescente com o perfil desejado, os candidatos serão avisados e tomarão conhecimento das informações da criança. Se houver interesse, as partes são apresentadas;
  5. Caso o interesse das partes continue, o adotante ajuizará a ação de adoção e ganhará a guarda provisória do adotado;
  6. O juiz profere a sentença e determina a lavratura do novo registro de nascimento da criança ou do adolescente.
Adoção no Brasil

Problemas do sistema de adoção

Uma das questões com relação à adoção é a ideia de não separar irmãos. Se por um lado é algo benéfico, por outro torna-se um grande empecilho para a adoção dessas crianças. A maioria dos possíveis adotantes procura por uma única criança, de modo que o número de irmãos aguardando a adoção só aumenta.

Outra questão também muito discutida é o fato de que a maioria das crianças adotadas são brancas, com até 4 anos de idade. Isso exclui a maioria na fila de espera, formada por crianças negras e com idade mais elevada, o que mostra que o racismo está presente mesmo entre as pessoas dispostas a fazer o bem.

A maior parte dessas crianças acaba sendo adotada por estrangeiros, encontrando fora do país o amor e o carinho que não encontraram aqui.

Bacharel em História pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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