Confira neste artigo do Gestão Educacional um pouco a respeito do que se considera erro na língua portuguesa. Além disso, veja alguns dos desvios mais comuns da norma-padrão, com vários exemplos!
O que muitos chamam de “erro” não é nada mais que um simples desvio daquilo que é aceito como o “correto”. Cometer um erro de português, nesse cenário, é fugir das regras gramaticais e ortográficas impostas pela “norma–padrão”.
Além disso, aquilo que está prescrito em dicionários, manuais e gramáticas nem sempre reflete o uso real da língua. Quem faz a língua não são esses livros, mas os falantes do português. A língua, portanto, é uma coisa viva, e em constante mudança.
A língua está em constante mudança. Os dicionários, os manuais e as gramáticas, não. Por conta disso, a língua que usamos no dia a dia pode e está anos-luz à frente da língua presente nos livros mencionados. Por isso, não são tais livros que ditam a maneira como devemos usar a língua; é a maneira que usamos a língua que determina a forma como as regras serão prescritas, a fim de conter, um pouco, a variabilidade da língua.
E a variação linguística é uma realidade da língua. Não há apenas um modo de se falar, mas vários. A região em que a pessoa mora, a idade dela, o sexo, a classe social etc., tudo isso influenciará na forma como ela usará a língua.
Obviamente, deve-se evitar os chamados desvios em situações em que a norma-padrão é a mais exigida. Por exemplo, ao escrever uma redação em um vestibular. Porém, em situações mais informais, como em uma conversa de WhatsApp, não há problema nenhum em cometer alguns deslizes.
Além disso, há um tipo particular de preconceito relacionado justamente ao ato de se julgar a fala de pessoas que não seguem à risca a norma-padrão: o preconceito linguístico.
Muito provavelmente, não. O linguista Marcos Bagno, autor de uma série de obras tratando da variação linguística, do porquê de não se dever julgar as variações como erros etc., em sua obra Não é errado falar assim (2009, p. 26), lista uma série de “erros” cometidos por grandes escritores brasileiros.
Por exemplo:
Machado de Assis, considerado por muitos o maior escritor brasileiro, escreveu este trecho em 1891. O termo sublinhado está desempenhando na oração papel de advérbio. Porém, a norma-padrão determina que o advérbio é invariável, ou seja, que ele nunca varia em gênero, nem em número.
Porém, no exemplo acima, o advérbio está variando em gênero. O “correto” deveria ser:
E aí? Vai julgar Machado de Assis da mesma maneira como você julga aquela pessoa que comete algum desvio da norma-padrão em uma situação informal do dia a dia?
Além disso, outro exemplo que ele cita é o seguinte:
Esse famoso verso de Drummond foi escrito em 1925. Se você está pensando que não há problema nenhum no trecho acima, saiba que a norma-padrão pensa o contrário. Isso porque ela é clara ao determinar que o verbo “ter” não deve ser usado com o sentido de “haver”.
Portanto, esses exemplos mostram não apenas que ninguém está imune a cometer pequenos deslizes em relação à norma-padrão, como também que a norma-padrão pode não refletir o real uso da língua, estando relativamente ultrapassada.
Afinal, basta lembrar que até hoje “você” não é amplamente aceito como a segunda pessoa do singular, nem “vocês” como a segunda do plural, ainda que pouquíssima gente use “tu” ou “vós”.
Por fim, confira a seguir alguns desvios comuns da norma padrão. Alguns dos “desvios” são muito mais utilizados do que a forma considerada “correta”, evidenciando que a norma-padrão nem sempre acompanha o movimento natural da língua.
Todos os casos foram retirados da obra Não é errado falar assim, de Marcos Bagno. Portanto, recomendamos que você a leia, a fim de obter explicações mais detalhadas sobre cada um dos fenômenos abaixo.
Usar o verbo “assistir” como transitivo direto, em vez de transitivo indireto;
Alexandre Garcia Peres, formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), gosta de arte, literatura, língua portuguesa, poesia e do seu gato.
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