Zygmunt Bauman – Quem foi? Biografia e Principais Obras

O filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925 – 2017) foi um importante pensador a contribuir para as reflexões a respeito da sociedade econômica. Bauman chegou a defender a Polônia durante a Segunda Guerra Mundial e foi um entusiasta do Socialismo, mas, devido a divergências, foi expurgado do partido operário local e obrigado a deixar o país.

Professor emérito de sociologia das universidades de Varsóvia, na Polônia, e de Leeds, na Inglaterra, ele cunhou o termo modernidade líquida, que diz respeito a um momento em que nossa sociedade tem vivido tempos cada vez mais instáveis e voláteis, afetando grandemente nossa capacidade de absorver tantas transformações.

Quem foi Zygmunt Bauman?

Zygmunt Bauman nasceu na cidade de Poznan, na Polônia, no dia 19 de novembro de 1925. Filho de judeus, sua família teve que fugir da perseguição nazista no ano de 1939 e se refugiou na União Soviética. Ele se alistou pelo exército polonês para combater no front soviético.

Em 1940 ele passou a integrar o Partido Operário Unificado, o partido comunista polonês. Cinco anos mais tarde, Bauman adentrou ao Serviço de Inteligência Militar, ficando por lá por três anos.

Ao término da guerra, Bauman retornou para a capital polonesa, passando a conciliar a vida militar com os estudos acadêmicos e sua atuação no partido comunista. O sociólogo se casou com a escritora Janina Bauman, uma judia de família rica que conseguiu sobreviver à invasão do exército alemão na Polônia.

Perseguição e exílio

Bauman estudou sociologia na Academia de Política e Ciências Sociais de Varsóvia e, posteriormente, fez o mestrado no mesmo lugar. Após divergências de pensamento e muitas críticas contra a atuação do governo polonês, Bauman acabou por deixar o Partido Operário em 1950. Três anos depois é expulso do exército. Em 1954 ele terminou o mestrado e passou a ocupar o cargo de professor assistente de sociologia em Varsóvia.

Adepto da ortodoxia marxista, Bauman aos poucos deixou essa linha de pensamento e passou a fazer duras críticas ao governo comunista. Isso lhe rendeu uma série de constrangimentos e perseguições por muitos anos.

Após um grande protesto em 1968, o governo comunista desencadeou um longo processo de expurgo, resultando na expulsão de estudantes, professores e artistas, Bauman incluso, especialmente de poloneses de origem judia do território polonês.

Bauman e sua esposa se exilaram em Israel e, na Universidade de Tel Aviv, ele passou a dar aulas. Em 1971, Bauman foi chamado para ser professor de sociologia na Universidade de Leeds, na Inglaterra. Lá ele também coordenou o departamento desta disciplina até se aposentar, em 1990. O intelectual polonês morreu em Leeds, em 9 de janeiro de 2017.

Principais obras e feitos

Por mais de meio século, Zigmunt Bauman foi um dos principais observadores da realidade social e política da nossa sociedade. Apontado por alguns críticos como pessimista, Bauman se colocou como um dos mais contundentes críticos da pós-modernidade, sempre buscando entender as causas do processo social perverso que nos oprime.

Bauman publicou dezenas de obras e boa parte delas já foram traduzidas no Brasil. Muitas das ideias debatidas tratam dos vínculos sociais dentro da sociedade contemporânea. Entre as obras escritas por Bauman, temos:

  • Pensando Sociologicamente (1990);
  • Modernidade e Ambivalência (1991);
  • Vidas em Fragmentos (1995);
  • O Mal-estar da Pós Modernidade (1997);
  • Globalização (1998);
  • Em Busca da Política (1999);
  • Modernidade Líquida (2000);
  • Comunidade (2001);
  • Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos (2003);
  • Vidas Desperdiçadas (2003);
  • Vida Líquida (2005);
  • Medo Líquido (2006);
  • Vida Para Consumo (2007);
  • Tempos Líquidos (2007);
  • Cegueira Moral (2014);
  • A Riqueza de Poucos Beneficia Todos Nós? (2015);
  • Estado de Crise (2016);
  • Estranhos à Nossa Porta (2016).

A modernidade líquida

Modernidade líquida é o conceito mais marcante criado por Bauman e que está presente no livro de mesmo nome, escrito em 2000, servindo para tratar das transformações ocorridas no mundo, em que nada é sólido e tudo se dilui no ar.

Bauman recorre a essa figura de linguagem, pois os líquidos apresentam características como ausência de forma definida, instabilidade e falta de coesão. Sendo assim, a modernidade líquida corresponde a uma sociedade na qual tudo é volátil adaptável, muito diferente da década anterior, em que a sociedade era estável, ordenada e previsível. A modernidade líquida é totalmente variável, sendo muitas vezes instável, caótica.

Entre as possíveis causas para essa mudança, Bauman diz que as empresas estão muito poderosas e podem impor modificações nas leis, na economia, no meio-ambiente, entre outros. Impactam também na velocidade das inovações tecnológicas, caso da internet, e na migração de indivíduos rapidamente de um lugar para outro, resultando em fortes impactos sociais, econômicos e culturais.

Jornalista com 15 anos de experiência, é mestre em América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) na linha de pesquisa Práticas Políticas e Relações Internacionais.

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