Esparta – História, Cultura, Política, Sociedade, Democracia e Guerras com Atenas

Uma das Cidades-Estados mais famosas da Grécia Antiga, Esparta tornou-se popular graças a sua representação no cinema e na literatura.

A antiga Esparta, também conhecida como Lacedemônia, foi uma das cidade-Estado mais importantes e poderosas da Grécia Antiga. Grande rival de Atenas, as duas cidades travaram, durante séculos, várias guerras sangrentas na disputa pela hegemonia grega.

Atualmente, Esparta é uma pequena cidade grega da região da Lacônia, sudoeste da região do Peloponeso, na Grécia. Tem aproximadamente 20.000 habitantes, e em nada lembra a poderosa cidade antiga.

História de Esparta

Os historiadores apontam para um período na história da Grécia Antiga em que praticamente não há registro escrito, e do qual pouco se sabe. Conhecido como Período Homérico, vai de aproximadamente 1.100 a 800 a.C., e está relacionado, entre outros fatores, à invasão dos Dórios, um dos quatro povos que formaram a Grécia Antiga.

Acredita-se que a Esparta tenha sido fundada pelos Dórios por volta do século IX a.C. A cidade ficou famosa por ser uma cidade altamente militarizada que, graças à sua rígida disciplina, possuía o exército mais preparado e temido da época. Essa condição levou Esparta a rivalizar com Atenas pela hegemonia política de toda a Grécia.

Ao longo do tempo, as duas cidades travaram várias guerras, entre si e contra adversários externos. Duas dessas guerras são muito importantes dentro do contexto político grego: as Guerras Médicas e a Guerra do Peloponeso.

Guerras médicas

Guerras médicas é o nome que se dá aos dois conflitos opondo as cidade-Estado gregas e o poderoso Império Persa. A primeira delas se deu em 490 a.C. e, devido à rivalidade com Atenas, cidade envolvida diretamente na guerra, os espartanos optaram por não participar. Mas, na segunda guerra, a história foi bem diferente.

O historiador grego Heródoto conta que, por volta de 480 a.C., o rei persa Xerxes mandou emissários para todas as cidade-Estado gregas exigindo a submissão. Em Esparta, os emissários ameaçaram os espartanos, alegando que a cidade seria destruída pelo exército persa e, por isso, foram assassinados.

Ocorre que o conflito aconteceria exatamente na época da Carneia, um festival religioso que impedia que a cidade entrasse em guerra durante sua realização. Impedido de contar com o grosso do exército, o rei Leônidas reuniu a sua guarda pessoal, cerca de 300 soldados, marchando para um desfiladeiro ao norte de Atenas, conhecido como Termópilas. Ao longo da marcha, soldados de cidades aliadas (tebanos, téspios e árcades) se juntaram à marcha, perfazendo um total de aproximadamente 5.000 homens.

Ao longo de três dias, o exército espartano conseguiu combater uma força muito maior, graças ao terreno do desfiladeiro, formado por uma pequena passagem entre as montanhas e o mar, que impedia os persas de lançar todos os seus soldados ao ataque. Quando o rei espartano percebeu que seus homens seriam cercados pelos persas, dispensou a maior parte do exército, permanecendo apenas com os 300 espartanos e lutando até a morte. Os persas só seriam derrotados cerca de um ano depois, na Batalha de Plateia.

Guerra do Peloponeso

Este conflito entre Esparta e Atenas ocorreu entre 431 e 404 a.C., e foi motivado por questões políticas e, claro, pela imensa rivalidade e desconfiança mútua entre as duas cidades. Após longos 27 anos de combates, Esparta saiu vencedora da guerra, mas, de fato, as duas cidades estavam arrasadas. 33 anos depois, Esparta foi derrotada por Tebas. Era o fim do poderio espartano.

Sociedade espartana

A sociedade espartana era dividida em três grupos principais: os esparciatas (filhos de pais ou mães espartanas, os únicos que detinham direitos políticos), os periecos (homens livres, não tinham direitos políticos e pagavam impostos) e os hilotas (servos).

Esparta era uma cidade totalmente militarizada, e os espartanos ingressavam, ainda crianças, no Agogê, um sistema de treinamento militar que transformava os soldados em verdadeiras máquinas de guerra. Esse treinamento, que teria sido introduzido por Licurgo (não há um consenso acadêmico sobre isso), consistia em discrição, cultivo da lealdade ao grupo, extenso treinamento militar (que incluía a tolerância à dor, à fome e ao frio), caça, respeito à autoridade e comunicação.

Uma curiosidade sobre Esparta é que as mulheres, ao contrário do que acontecia nas outras cidades gregas, tinham muito mais direitos e privilégios do que em outras sociedades da época, tudo para que pudessem gerar bebês fortes e saudáveis que defenderiam a cidade no futuro.

Conclusão

Alguns anos após a derrota de Esparta para Tebas, toda a Grécia foi conquistada por Alexandre, o Grande, rei da Macedônia. Em 146 a.C., a Grécia se torna uma província romana. Esparta entrou em decadência e nunca mais recuperou o seu antigo poder, mas sua fama como cidade militarizada e os feitos de seu temido exército continuaram no imaginário europeu por muito tempo.

Bacharel em História pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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