Estigma social – O que é? Tipos e Exemplos

A vida em sociedade revela uma disparidade de características e de comportamentos tomados pelos indivíduos que se relacionam dentro do tecido social. Ocorre que a própria estrutura social estabelece, por parte de seus participantes, um padrão de hábitos e posturas que é mais aceito pelo grupo social dominante, que costuma vir de tempos muito antigos e é difícil de ser quebrado. E quem não adota as mesmas práticas e posições da cultura imposta, acaba sendo estigmatizado dentro da sociedade.

É assim que surge o conceito de estigma social, que, conforme a Sociologia, depende da classificação de um grupo por outro. Em geral, o grupo social hegemônico considera qualquer comportamento ou hábito distinto do dele como diferente, levando a estigmatizar os que não são seus semelhantes. Neste artigo, aprofundaremos o entendimento sobre esse conceito e também trataremos dos vários tipos de estigma social, citando exemplos práticos para guiar a compreensão.

O que é estigma social?

O estigma social enquanto conceito surgiu a partir do cientista social estadunidense Erving Goffman (1922 – 1982), em sua obra Stigma: notes of management of spoiled identity, publicada em 1963. Para ele, o estigma social é como uma marca ou um sinal imposto ao indivíduo que acaba ficando com um status inferior em comparação às demais pessoas, consideradas normais diante da sociedade, o que não é o caso do sujeito estigmatizado. Diante dessa desvalorização, a pessoa nem chega a ser aceita socialmente, devido a essa marca que é imposta nela e à diferencia do demais indivíduos.

A título de curiosidade, o termo “estigma” foi recebendo significados distintos ao longo da história. Na Grécia Antiga, o seu uso era aplicado para indicar marcas nos corpos de criminosos e escravos. Já na Idade Média, a expressão passou a designar as marcas que apontam para uma graça divina ou então sinais físicos provocados por doenças graves. Hoje em dia, o estigma acabou sendo focalizado mais nas análises sociais, ainda que popularmente possa ser utilizado de várias maneiras.

No âmbito da Sociologia, o estigma social diz respeito à classificação de um grupo feita por outro, que confere ao primeiro um status social inferior aos demais. Trata-se de algo muito comum atribuir um estigma baseado em preconceitos, estereótipos ou então pelo medo do desconhecido.

No artigo O conceito de estigma como processo social: uma aproximação teórica a partir da literatura norte-americana, Ranyella de Siqueira e Hélio Cardoso afirmam que “as pessoas normais preveem as categorias e os atributos de um estranho que se aproxima. Essas preconcepções, elaboradas pelos normais, são transformadas em ‘expectativas normativas, em exigências apresentadas de modo rigoroso’. No entanto, os normais, cotidianamente, ignoram essas preconcepções até o surgimento de uma questão que seja efetiva para a realização de suas exigências. É neste momento que os normais podem perceber que fazem afirmações daquilo que o outro deveria ser”.

Tipos de estigma social

De acordo com Erving Goffman, o estigma social pode ocorrer a partir de três tipos, que iremos apresentar a seguir:

  • Anomalias e deformidades corporais que fugiriam ao padrão normativo e que podem levar à estigmatização do indivíduo pela sociedade;
  • Especificidades de caráter individual, como a falta de vontade, as crenças muito rígidas, a desonestidade, as paixões inaturais, entre outros, que levariam à culpa e poderiam ser atribuídos a partir de comportamentos e questões, como alcoolismo, comportamento político, doença mental, encarceramento, homossexualidade, tentativas de suicídio, vício etc., que são vistos, muitas vezes, com repulsa pela maioria das pessoas;
  • Estigmas tribais motivados por raça, religião, nação e até mesmo por classe, que fazem com que grupos sociais estigmatizem sujeitos de outras nacionalidades, raças ou até mesmo por professarem outra fé, algo que pode ser bastante visto hoje em dia, por exemplo, em relação aos imigrantes, que têm sido discriminados em diversos países.

Conclusão

Como foi possível demonstrar neste artigo, o estigma social é algo criado pela própria sociedade, que padroniza comportamentos, hábitos e até mesmo portes físicos, para manter o ambiente confortável aos indivíduos nomeados como “normais”. Por outro lado, qualquer situação que destoe do padrão considerado correto por essas mesmas pessoas é criticado, marginalizado, ridicularizado, enfim, estigmatizado. O estigma, portanto, sintetiza os preconceitos e as várias formas de discriminação por parte da humanidade.

Jornalista com 15 anos de experiência, é mestre em América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) na linha de pesquisa Práticas Políticas e Relações Internacionais.

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