Exclusão digital – O que é? Como ampliar a inclusão no Brasil?

O avanço tecnológico que o mundo tem vivido acaba proporcionando a criação de várias ferramentas e diversos produtos que até pouco tempo atrás nem fazíamos ideia que poderiam existir. É o caso da internet, que tem revolucionado o planeta, aproximando pessoas e ofertando mais informações e conteúdos em um curto espaço de tempo.

O problema é que nem todos conseguem ter esse acesso. Por exemplo, muitos indivíduos não possuem internet em casa, nem um computador e, por vezes, apenas um celular que mal acessa a web. Isso é reflexo do que se chama de exclusão digital, quando muitas pessoas estão alijadas desse universo. Nesse artigo, abordaremos o problema, como está a situação no Brasil e o que pode ser feito para incluir mais indivíduos nesse mundo.

O que é exclusão digital?

A exclusão digital pode ser definida, do ponto de vista teórico, como a exclusão de oportunidades para que as pessoas possam acessar as novas tecnologias da informação e da comunicação.

Na academia, há expressões equivalentes que também podem ser aplicadas, tais como apartheid digital e infoexclusão. Há outros intelectuais que tomam essa última palavra em um sentido mais amplo e a relacionam a toda e qualquer exclusão do campo da informação que um indivíduo ou grupo social possa vir a ser submetido.

A questão da exclusão digital se mostra como um dos grandes desafios deste século, sendo uma consequência das mudanças proporcionadas na vida da sociedade contemporânea. As desigualdades sociais e econômicas entre ricos e pobres também são demonstradas e até mesmo acentuadas no mundo digital. Afinal de contas, ainda que as tecnologias venham para melhorar a vida das pessoas, depende mais da sociedade o término da exclusão e a possibilidade de ampliar os acessos aos que estão marginalizados.

Exclusão digital no Brasil

O Brasil, um país desigual em vários aspectos, não poderia ficar fora quando se trata de dificuldade de acesso à nova era digital. O mais recente levantamento realizado pelo IBGE, por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), revela que o país, em 2016, possuía 63,3 milhões de brasileiros e 21 milhões de casas sem acesso à internet. Entre as causas do problema estão os gargalos existentes na implantação da infraestrutura que leva a internet até todas as regiões.

Mas, o que mais tem afetado essa questão é o aspecto educacional. Isso porque, do total das pessoas desconectadas, 47,7 milhões (75% do total) disseram que não utilizam a internet por falta de conhecimento ou de interesse. Essa pesquisa levou em conta a população a partir de 10 anos que tem ou não acesso em qualquer lugar, como casa, trabalho ou escola.

Consultores da área apontam que a falta de interesse demonstrada pelos entrevistados pode indicar uma dificuldade de usar as ferramentas e de admitir isso. “Mesmo se houvesse banda larga fixa e móvel em todo o Brasil, ainda tem brasileiro excluído digitalmente, que não sabe usar a internet. E, às vezes, a pessoa diz que não tem interesse porque, no fundo, não sabe usar”, crê o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, em declaração ao jornal O Globo.

O que fazer para ampliar a inclusão digital?

Diante desse quadro nefasto, especialistas em políticas públicas defendem que é preciso não somente ampliar a disponibilidade do sinal, mas também proporcionar que a rede seja mais atraente a essas pessoas. Para isso, se faz necessário um maior investimento na educação, para que a população excluída digitalmente possa ver os aspectos positivos dessa ferramenta e se interessem em fazer parte desse universo.

Outra forma de impulsionar esse acesso é por meio da ampliação da rede de serviços oferecidos pelo governo via internet, levando os sujeitos obrigatoriamente a se interessar a respeito e a navegar pela web. Outra saída apontada por especialistas é de ofertar rede mais barata para a população de baixa renda que não tem condições financeiras de pagar pela internet.

Conclusão

Como vimos, não basta as tecnologias serem criadas, oferecendo um mundo de facilidades que nem todos podem pagar. É fundamental que se democratize o acesso à internet e às novas ferramentas de informação, para que todos consigam usufruir das novidades do mundo moderno. Portanto, a exclusão digital é apenas mais uma face da desigualdade social e deve ser combatida pelo poder público e pela sociedade.

Jornalista com 15 anos de experiência, é mestre em América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) na linha de pesquisa Práticas Políticas e Relações Internacionais.

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