Martinho Lutero – Quem foi? Biografia e Obras

Considerado como um dos principais responsáveis pela Reforma Protestante, Martinho Lutero nasceu em Eisleben (Saxônia), em 1483. Recebeu educação religiosa severa e metódica até alcançar o grau de Doutor em Filosofia, em 1505, na Universidade de Erfurt.

Mostrava-se particularmente envolvido com o tema da salvação, buscando compreender o ensinamento da Igreja de que a salvação dependia da fé, das obras e da graça. No final da vida, passou a beber e a comer em excesso, engordando muitíssimo e morrendo em 1546.

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Erasmo botou o ovo que Lutero chocou…

No início do século XVI, a cristandade ocidental estava em crise. Pesavam sobre a instituição denúncias de corrupção e outras acusações de ordem moral. Esse movimento, que ficou conhecimento como Reforma, tornou-se tão grande que provocou uma cisão na Igreja. Além disso, no início do século XVI, a Igreja dedicou-se como nunca, à venda de indulgências.

Erasmo de Roterdã, cerca de dezesseis anos mais jovem que Lutero, começou a publicar relativamente tarde.  Em um de seus textos o autor argumenta que a verdadeira religião consiste na devoção interior e não nos símbolos exteriores das cerimônias e dos rituais, propondo, assim, um individualismo religioso.

Além disso, Erasmo produziu aquela que talvez tenha sido a maior contribuição para a Reforma Protestante, a publicação de seu Novo Testamento Greco-Latino, em 1516. Portanto, em uma linguagem coloquial, podemos dizer que Lutero chocou o ovo que Erasmo botou, ou seja, continuou com os ideais do escritor.

95 teses contra os intermediários

Em 1517, o papa Leão X, autorizou uma venda de indulgências. Aqueles que as comprassem recebiam o perdão dos pecados já cometidos e, de acordo com o valor pago, tinham, também, o perdão dos pecados futuros.

Quando chegou a Wittenberg o emissário do Papa se viu em apuros, pois Lutero teve a coragem de desafiar abertamente a Igreja e iniciou uma campanha contra a venda de indulgências, afixando suas 95 teses na catedral da cidade.

Em janeiro de 1521, Lutero foi excomungado pelo papa. Passou, então, um ano recluso, período no qual traduziu o Novo Testamento para o alemão e estabeleceu os princípios fundamentais do luteranismo. Os escritos de Lutero foram reproduzidos aos milhares na impressa e atingiram um número cada vez maior de pessoas.

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O Luteranismo

Enquanto a Igreja sustentava que somente o clero podia interpretar adequadamente a Bíblia, Lutero defendia que o aceso aos sentidos da palavra sagrada não precisava ser mediado pelos padres. Afirmava, ainda, que, em questões de fé, não havia diferença entre padres e leigos.

Doutrinas de Lutero

Lutero não desejava chegar ao extremo de romper com a Igreja. O pensamento reformista dele pode ser resumido em três doutrinas: a justificação ou salvação pela fé, o sacerdócio universal, e a infalibilidade da Bíblia.

A primeira doutrina estabelecia que o bom cristão deveria, antes de tudo, ter fé em Deus. Pouco importavam as boas obras que ele pudesse fazer na vida terrena para salvar sua alma após a morte.

A segunda doutrina estabelecia que todo bom cristão poderia ser pastor de seu rebanho, desde que estudasse as Escrituras. Já na terceira doutrina, no lugar da infalibilidade do papa, Lutero pregava a infalibilidade da Bíblia. Daí a necessidade de traduzi-la do latim para as línguas faladas pelos povos.

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Reforma consolidada

O sucesso da Reforma pode ser explicado principalmente pela obstinação de Lutero em defender seus princípios, compartilhados por muitos no seio da Igreja.

A invenção da imprensa no século anterior também ajudou muito, ao permitir a rápida difusão de ideias. Além disso, o apoio de diversos senhores feudais do Sacro Império foi essencial para o movimento. Eles queriam se livrar do poder eclesiástico e também apoderar-se do vasto patrimônio territorial da Igreja.

O sentido da Reforma protestante

A reforma protestante nasceu e se expandiu em uma época de profundas transformações econômicas. Por isso, no século XIX, o filósofo alemão Karl Marx considerou a Reforma como “filha do capitalismo”.

No início do século XX, o sociólogo alemão Max Weber destacou que a ética de certas correntes protestantes era portadora do “espírito do capitalismo”, uma vez que não rejeitava o comércio e a usura, além de enaltecer o trabalho a poupança e a riqueza material como sinais da graça divina.

Essas interpretações são consagradas até hoje, porque destacam uma relação importante: de um lado, o processo de formação do capitalismo; de outro, o esfacelamento da cristandade europeia ocidental provocado pela Reforma.

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