Discurso Direto – O que é? Quando ocorre? Para que serve?

Entenda aqui o que é Discurso Direto, quando ele é usado e confira alguns exemplos de como colocá-lo em prática em um texto!

Por Lilian Reina Peres em 09/05/2023, às 02:05 (Atualização: 15/05/2023, às 04:05)

O discurso direto é a transcrição da fala ou escrita de outra pessoa.

O português, assim como outras línguas, possui normas e recursos para nos referirmos aos pensamentos ou palavras de outras pessoas. Segundo essas normas, existem tipos diferentes de discursos, que podem ser classificados como direto, indireto ou indireto livre.

Podemos fazer isso em textos fictícios, como ao inserir a voz dos personagens na narrativa sem a participação do narrador. Ou podemos citar em textos jornalísticos ou acadêmicos, por exemplo, quando desejamos transcrever diretamente o que outra pessoa disse ou escreveu.

Portanto, no discurso direto, reproduzimos fielmente o discurso do outro, sem interferências. Na literatura, ele representa exatamente aquilo que o personagem fala.

Verbos comuns no discurso direto

Há alguns verbos mais comuns para a introdução do discurso direto em um texto, como: dizer, falar, afirmar, responder, perguntar, retrucar e sinônimos. Estes são os verbos dicendi, ou seja, “verbos de elocução”, que estão relacionados a alguma forma de dizer, são verbos declarativos.

Também é possível se empregar, principalmente no caso das narrativas, verbos mais descritivos no sentido psicológico, como balbuciar, gaguejar, berrar, mentir, reclamar etc. As falas diretas podem ser indicadas por travessões (—) ou aspas (“”).

Esses discursos podem aparecer no meio do texto, não necessariamente em uma linha isolada, contanto que estejam devidamente pontuados para indicar a mudança de interlocutores.

Exemplo de Discurso Direto

Exemplo 1

Júlia disse:
— Estou indo ao banheiro, ok? Mas não pague a conta até eu voltar, quero dividir.

— Não se preocupe — assentiu Jorge.

“Estou indo ao banheiro, ok? Mas não pague a conta até eu voltar, quero dividir”, disse Júlia.

Jorge assentiu: “Não se preocupe”.

Reparem que, aqui, as falas das personagens Júlia e Jorge podem ser representadas igualmente das duas formas; a escolha de aspas ou travessões é uma questão estilística.

Trata-se de uma estratégia para dar voz diretamente aos personagens, que falam em primeira pessoa, sem mediações. Na Literatura, é possível encontrar exemplos de textos e crônicas que apenas se utilizam do discurso direto, sem nem mesmo haver um narrador.

Assim, em vez de descrever as cenas e o que está ocorrendo, o autor deixa os elementos e até mesmo o tempo verbal subentendidos por meio das falas dos personagens.

Exemplo 2

“Eu já fui presidente. Eu já ganhei uma vez e essa, de todas as vitórias que eu tive, essa é a vitória mais consagradora, porque nós derrotamos o autoritarismo e o fascismo nesse país”, declarou o petista, depois do resultado da apuração das urnas eletrônicas. (Poder 360, 31.10.2022).

Percebam que, aqui, nesse trecho de matéria jornalística, o discurso direto foi utilizado de forma muito parecida ao texto fictício para citar a fala de uma pessoa real, o recém-eleito presidente Lula. Nesses casos, é necessário reproduzir fielmente a transcrição do discurso da figura pública, sem adaptações.

A reprodução de falas completas de personalidades aparece também em entrevistas, que trazem as transcrições das perguntas dos entrevistadores e, em seguida, as declarações dos entrevistados. Observem o exemplo a seguir, de entrevista concedida pela cantora Rita Lee à revista Quem, em 2019:

Você se lembra quando a causa animal começou a fazer parte da sua vida?
Desde pequena. Pegava gatos e cachorros de rua e levava para casa. Para desespero de meu pai, que chegava e sempre encontrava algum bicho novo escondido na garagem ou no quintal. Até cobras e jaguatiricas já resgatei. A causa animal é parte de mim e me envolvo como posso para dar voz aos bichos. (Revista Quem, 09.05.2023).

Neste caso, não houve uso de travessão ou aspas para indicar o discurso direto, mas uma alternância no estilo da fonte, com as perguntas aparecendo em negrito.

Quando usar o discurso direto em redações?

Em redações para o vestibular ou Enem é possível utilizar o discurso direto quando queremos fazer uma citação de frase de alguma autoridade ou de um intelectual clássico. Para isso, é necessário colocar o trecho referente à frase entre aspas quando se deseja reproduzir exatamente a fala do indivíduo. Observem o exemplo:

Ainda que as fake news possam convencer a muitas pessoas, é importante que jornalistas se atentem para noticiar a verdade, pois, como nos alertou o escritor Aldous Huxley: “Os fatos não deixam de existir só porque são ignorados”.

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