A regência nada mais é do que a função que determinados termos, chamados regentes, desempenham sobre outros termos, chamados regidos. As palavras de uma oração não estão todas isoladas, pelo contrário: estão relacionadas, unidas; são interdependentes umas das outras.
É a partir da regência que a oração é estruturada. Os termos secundário (regidos) vão se agrupando em volta dos termos principais (regentes).
A regência verbal, especificamente, é a relação entre os verbos e os demais termos que:
Recomendamos que leia os nossos artigos a respeito dos objetos diretos e indiretos e dos adjuntos adverbiais para entender melhor essa questão antes de se aprofundar no estudo da regência.
Para entender a questão da regência verbal, é preciso entender o que são verbos transitivos e verbos intransitivos.
Os verbos intransitivos são aqueles que expressam uma ideia completa. Logo, eles possuem significados já completos, não dependendo de outros termos para isso. Dizemos, então, que esse verbo é de predicação completa. Confira um exemplo:
Nesse exemplo, o verbo em negrito é um verbo intransitivo. Isso porque ele possui significado completo nele mesmo, não exigindo a presença de outros termos.
Por outro lado, os verbos transitivos são aqueles que não possuem significação completa. Eles sempre exigem a presença de palavras de valor substantivo (sendo objetos diretos ou indiretos) para completarem os seus significados. Veja:
O termo em negrito no exemplo acima é um verbo transitivo. Isso porque “comprar” não possui significação completa. Se disséssemos apenas “Rita comprou”, ficaria a pergunta: “mas comprou o quê?”. Eis que surge, então, “uma cadeira”, objeto direto, para completar o sentido do verbo “comprar”.
Portanto, há um caso de regência verbal neste processo de o verbo transitivo invocar um complemento (direto ou indireto) a fim de o que seu sentido seja completado.
Além disso, outra diferença que precisamos compreender é a diferença entre objeto direto e objeto indireto.
Há duas maneiras de o verbo ligar-se aos seus complementos:
Quando o complemento se liga ao verbo diretamente, sem uma preposição, ele recebe o nome de “objeto direto”.
Por outro lado, quando a ligação acontece através do emprego de uma preposição, o complemento é chamado “objeto indireto”.
Confira os exemplos:
Em (c), o verbo “namorar” é transitivo direto. O complemento exigido para completar seu sentido uniu-se diretamente ao verbo, sem a presença de uma preposição. “Guilherme”, portanto, é objeto direto do verbo “namorar”.
Já em (d), o verbo “gostar” é transitivo indireto. Perceba que o complemento verbal uniu-se ao verbo através da preposição “de”. Logo, “de você” é objeto indireto do verbo “gostar”.
Por fim, tendo tudo o que mencionamos acima em mente, especialmente o fato de que alguns verbos exigem outros termos que complementam seus sentidos, confira a seguir a regência de alguns verbos para compreender melhor como funciona na prática.
O verbo aspirar pode ser transitivo direto ou transitivo indireto. A regência a se escolher dependerá do sentido do verbo.
1) Por exemplo, quando “aspirar” aparece com o sentido de “respirar” ou “sorver”, ele é transitivo direto. Veja:
2) Por outro lado, quando ele aparece com o sentido de “pretender” ou “desejar”, ele é objeto indireto, sendo introduzido pela preposição “a” ou “por”. Confira:
Assistir também é um verbo com uma regência peculiar e que causa dúvida em muitos estudantes. Ele também pode ser transitivo direto ou transitivo indireto, a depender da utilização. A seguir, veremos uma das várias regências do verbo “assistir”.
1) Com o sentido de “presenciar” ou “estar presente”, o verbo assistir é transitivo indireto, com o complemento sendo introduzido pela preposição “a”. Por exemplo:
Porém, no português coloquial, “assistir” é frequentemente usado como verbo transitivo direto. Por exemplo:
Veja algumas das regências do verbo “chamar”.
1) Com o sentido de “convocar” ou “fazer vir”, o verbo “chamar” é transitivo direto. Veja:
2) No sentido de “invocar”, é transitivo indireto, pedindo a preposição “por”
3) Em alguns casos, pode até mesmo ser intransitivo, quando significa “dar ou fazer sinal com a voz ou o gesto, para que alguém venha”
Alexandre Garcia Peres, formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), gosta de arte, literatura, língua portuguesa, poesia e do seu gato.
Conheça Mais Sobre o Autor1) (FGV-2007) Assinale a alternativa em que a regência verbal está de acordo com a norma culta.
2) (ESPM-2006) Embora de ocorrência frequente no cotidiano, a gramática normativa não aceita o uso do mesmo complemento para verbos com regências diferentes. Esse tipo de transgressão só não ocorre na frase:
3) (FEI-1997) Assinale a alternativa em que haja erro de regência verbal:
4) (Fiocruz) Assinale a frase onde a regência do verbo assistir está errada.
5) (UPM – SP) – A regência verbal está errada em:
6) (FGV-2007) – Assinale a alternativa em que a regência verbal está de acordo com a norma culta.
7) (UNIMEP) – Quando implicar tem sentido de “acarretar”, “produzir como consequência”, constrói-se a oração com objeto direto, como se vê em:
Deixe seu Comentário