Entretenimento – O que é? Entretenimento X Indústria Cultural

O entretenimento é uma forma de lazer para proporcionar uma distração para as pessoas em seus períodos de descanso. Há uma lista enorme de atrações para divertir e fazer passar o tempo. Mas, como o entretenimento é encarado pela Sociologia? Ele pode ser considerado como arte? Como fica a alta cultura diante da massificação de produtos culturais em forma de entretenimento?

Neste artigo, vamos buscar nos aprofundar melhor no conceito do entretenimento e o impacto dele na sociedade, além dessa reflexão sobre entretenimento e arte no âmbito da Indústria Cultural, uma teoria que melhor analisa a relação entre alta cultura (arte) e cultura de massas (entretenimento).

O que é entretenimento?

Em linhas gerais, o entretenimento é uma maneira de proporcionar divertimento e recreação aos indivíduos enquanto eles não estão ocupados com suas tarefas do dia a dia. Diversas ações podem ser feitas para entreter as pessoas durante seu tempo livre. Até mesmo a prática de um esporte pode ser enquadrada como entretenimento, assim como o consumo de produtos culturais, por exemplo, um filme em um cinema, um livro em casa, uma partida de futebol na televisão ou um jogo de computador.

Hoje em dia, os meios de comunicação em massa são produtores de uma grande quantidade de entretenimento, com atrações nas televisões, programas de esportes e de auditório, filmes, séries, livros etc. Podemos listar, ainda, uma série de outras modalidades de entretenimento, tais como:

  • Blogs;
  • Chats;
  • Redes sociais;
  • Festas populares;
  • Dança;
  • Ouvir música;
  • Pesca;
  • Natação.

Há também atrativos que empregam a necessidade de se deslocar de casa, como acampamentos, piqueniques e passeios em parques, museus, teatros, parques de diversão e temáticos, zoológicos, e muito mais.

É importante ressaltar que, ainda que se coloquem diferenças entre o entretenimento e a cultura, é possível absorver cultura nesses momentos, como nos exemplos citados. Tudo vai depender dos objetivos de cada indivíduo, de sua formação e principalmente do interesse em consumir esse ou aquele bem cultural.

Apesar dessa afirmação, há teorias que deslocam a cultura desse tipo de atrativo, pois esta dependeria de uma absorção maior e não usada apenas como escape e divertimento.

Entretenimento e Indústria Cultural

Não há como tratar de entretenimento sem lembrar do conceito de indústria cultural, formulado pelos teóricos alemães Theodor Adorno (1903 – 19969) e Max Horkheimer (1895 – 1973) da Escola de Frankfurt, durante os anos 1940. Isso porque, a produção de entretenimento dentro do sistema capitalista atual é feita de maneira industrial, em larga escala, já que visa grandes massas de indivíduos, enquanto aufere o lucro obtido com a venda desses atrativos culturais.

Segundo o professor Renato Márcio Martins de Campos, no artigo Indústria Cultural e Cultura da Mídia: Produção e Distribuição do Entretenimento na Sociedade Global, na teoria crítica, “os bens culturais da humanidade são apropriados pelo capitalismo onde passam a operar como mais uma ferramenta de dominação social e desvalorização ou esvaziamento do conceito de arte”. Ou seja, a obra de arte é transformada em mercadoria, sendo comercializada como um bem qualquer e com um objetivo alienante, de reproduzir a dominação das elites burguesas sobre o trabalhador.

“A produção artística e cultural é organizada sob os moldes das relações capitalistas, atendendo aos padrões econômicos de tal regime e reproduzindo-o. Neste sentido, perde seu valor intrínseco, para ganhar um valor de troca (mercadoria). Todo este processo da Indústria Cultural serve, segundo a Escola de Frankfurt, como uma forma de dominação e perpetuação do regime, é o que se pode chamar de função alienante da arte”, escreve o autor.

No entanto, é possível considerar, ainda, que esse conceito de indústria cultural se mostre um tanto quanto radical, pois se enquadra apenas dentro da teoria marxista, sem levar em conta a “multidimensionalidade da sociedade midiática”, isto é, sem considerar a complexidade das relações e das pessoas, já que, como o autor coloca, nem tudo é tem apenas cunho político e ideológico.

Campos chega a considerar os estudos culturais, forjados na mesma época que a teoria crítica alemã, como uma ponte para interpretar a cultura cada vez mais massificada e a participação dos meios de comunicação nesse processo e da população na ressignificação desses bens produzidos industrialmente.

Conclusão

Como se vê, ao mesmo tempo em que o entretenimento pode ser usado como uma distração inocente no lazer do trabalhador, ele pode ser visto como um mal reprodutor de uma dominação capitalista. O que vale mesmo é o que cada um consegue fazer de positivo com o tempo livre, realizando atividades prazerosas que favorecerão o seu bem-estar e a sua saúde mental.

Jornalista com 15 anos de experiência, é mestre em América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) na linha de pesquisa Práticas Políticas e Relações Internacionais.

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