Ocidentalização – O que significa? Ocidentalização, Globalização e Pós-colonialismo

O Ocidente é muito mais do que uma construção geográfica que divide o mundo em dois. O termo carrega diversos outros significados que dizem respeito a diversas características que servem para classificar uma região dentro de um arcabouço teórico. Para fazer parte do Ocidente, é necessário possuir algumas características culturais, políticas, sociais e econômicas.

Pertencer ao Ocidente é, portanto, uma construção política e ideológica, indicada especialmente às nações do Norte do planeta Terra, em especial as que estão baseadas em democracias liberais, com economias desenvolvidas e aspectos culturais macro bastante parecidos. O Capitalismo e o progresso técnico-científico decorrente são suas principais marcas e motores.

Logo, a ocidentalização congrega elementos que levam alguma cultura ou um país a incorporar tudo aquilo que é ocidental, como veremos a partir de agora, entendendo melhor o conceito em sua raiz e também na atualidade aqui, no Gestão Educacional!

O que significa ocidentalização?

O significado da palavra ocidentalização remete ao ato de se tornar ocidental, isto é, um processo pelo qual passam algumas culturas de outras partes do planeta, que assimilam ou então são obrigadas a incorporar a cultura do Ocidente. Especialistas afirmam que isso costuma promover uma série de modificações culturais que englobam, entre outras coisas, novas maneiras de se vestir, de se comunicar e de se relacionar com as pessoas, ao mesmo tempo em que a cultura local é negada ou mesmo uma nova é criada a partir das bases da cultura ocidental.

Vale dizer que esse conceito possui um histórico que nos remete ao período de colonização, em que a Europa, por meio das Grandes Navegações, conheceu, explorou e dominou o novo mundo. Com isso, levou sua cultura, seus valores, suas crenças, suas formas de gestão e de relações sociais para essas terras até então inexploradas. E, ao que se vê, o que prevaleceu, até mesmo nos relatos da História, é o pensamento ocidentalizado, vitorioso de suas conquistas, com pouquíssimos relatos dos nativos e dos derrotadas.

“Pensar em Ocidente nos remete, não raras vezes, a uma sensação de nostalgia perdida das grandes conquistas, de uma Europa como representação de valores, de ideais e ideias apaixonantes, dos reis e das nobrezas poderosas e suntuosas. Aprendemos a admirar essa cultura, sua proeminência intelectual, seu modo de viver e sua capacidade tecnológica. Essa postura de sempre vislumbrar o melhor no outro lado do Atlântico (e também na região norte das Américas), nos faz pensar quais fatores levaram a construção dessa imagem de um Ocidente que a ‘todos’ abarca e que traz a esperança de um progresso imanente, rumo ao qual as nacionalidades subdesenvolvidas navegam em seu desenrolar histórico”, escreve Fagner dos Santos Carvalho no artigo Pensando um mundo “ocidentalizado”.

Ocidentalização e Globalização

Além de revisitar o passado, outra forma de compreender o fenômeno da ocidentalização é o processo de globalização, que teve início nos anos 1980, fundamentando as principais características do mundo contemporâneo e que tem, entre seus elementos marcantes, as tecnologias da informação, a internet e também as relações mais imediatas e imediatistas.

Esse processo ficou mais evidente após a supremacia dos Estados Unidos, seu sistema econômico e sua ideologia, a partir da derrocada da União Soviética. Tal fato histórico findou uma Guerra Fria, que praticamente dividiu a Terra em duas concepções de mundo distintas.

Em decorrência disso, as ideias do Ocidente, sob a liderança dos EUA, conquistaram a hegemonia a partir dos anos 1990, fazendo com que o capitalismo global transcendesse barreiras, criando empresas multinacionais e transnacionais, que passaram a levar seus produtos a todos os rincões do planeta.

Isso fez com que muitas culturas tradicionais fossem transformadas em produtos de consumo mundial. Por exemplo, ingerir um hambúrguer com o sabor semelhante em qualquer canto da Terra ou tomar um refrigerante de uma mesma marca mostra que praticamente tudo recebeu algo do mundo ocidental.

Ocidentalização e pós-colonialismo

Como contraponto a essa teoria, um movimento denominado de pós-colonialismo acabou aglutinando as críticas sobre a ocidentalização. Autores como o palestino Edward Said, que produziu a importante obra denominada Orientalismo, afirmavam que as populações que sofreram com a colonização deveriam falar por si mesmas. Eles também criticavam a ideia de uma única história, baseada apenas no Ocidente.

Isso porque, os países com histórico de colonização, sofreram processos quase que irreversíveis de ocidentalização de sua cultura, tendo muitas delas extinguidas em prol de uma visão baseada nos ditames da metrópole. Um exemplo disso é a crescente procura por parte das mulheres orientais pelas cirurgias de pálpebras, para terem os olhos semelhantes aos das mulheres ocidentais. Essa influência do Ocidente no resto do mundo parece continuar ainda hoje, com as demais culturas lutando bravamente para sobreviver.

Jornalista com 15 anos de experiência, é mestre em América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) na linha de pesquisa Práticas Políticas e Relações Internacionais.

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