Coerência Interna e Coerência Externa – Definições e diferenças!

Entenda o conceito de Coerência e descubra o que é Coerência Interna e o que é Coerência Externa a partir de um simples exemplo!

Para se elaborar uma boa redação, é necessário que ela tenha coerência interna e externa. Isso porque não basta que o texto faça sentido isoladamente, ele precisa ser também baseado em fatos.

A coerência textual diz respeito aos sentidos de um texto e às relações que se estabelecem entre todas as suas partes. Isso significa que um texto (escrito ou verbal) coerente é aquele que faz sentido para quem o lê ou escuta.

Além disso, a coerência depende de fatores externos aos elementos linguísticos de um texto. Há gramáticos que entendem que a coerência não está no texto, em si, mas sim que ela é construída a partir da relação do que está escrito com a realidade externa ao texto. Vem comigo entender melhor os diferentes tipos de coerência!

Entendendo os tipos de coerência

Coerência Interna e Coerência Externa - Definições e diferenças! (Imagem: Gestão Educacional/Mamewmy - FreePik.com)
Coerência Interna e Coerência Externa – Definições e diferenças! (Imagem: Gestão Educacional/Mamewmy – FreePik.com)

Vamos pegar uma frase como exemplo para facilitar:

Eu vi João na esquina e comi meu suco.

Aqui, vemos temos uma incoerência interna, pois as duas frases não apresentam nenhum tipo de ligação em seus sentidos. Isso significa que não há encadeamento lógico dessas frases; não há por que uma estar seguida da outra, pois o fato de eu ver João na esquina não tem nenhuma relação aparente ao que eu comi.

Essa falta de relação nos sentidos das duas orações dentro do período cria uma inconsistência no entendimento do sentido geral, ou seja, uma incoerência. Quando não há ligação entre as partes do texto, damos o nome de incoerência interna.

Para se construir uma coerência interna entre os elementos, seria necessário acrescentar uma informação, algo que permita estabelecer uma conexão entre as duas orações. Por exemplo, seria possível escrever: “Eu vi João na esquina, que é muito pidão…”; ou “Eu vi João na esquina, já me apressando para irmos à escola…”

Dessa maneira, haveria uma explicação para o motivo de uma ação ter desencadeado a outra, estabelecendo, assim, uma coerência interna ao episódio narrado.

Na mesma frase há também uma incoerência externa na segunda oração. Chamamos esse tipo de coerência de externa pois ela se dá entre a relação do que está no texto com o mundo, com a realidade.  Um suco não pode ser comido, ele deve ser bebido, por ter uma consistência líquida. Por isso, há uma inconsistência da relação entre o que o texto diz e a realidade do mundo.

Todos que já viram um suco sabem que sua consistência não permite que ele seja mastigado e que, portanto, ele não pode ser comido.

Sendo assim, para que a frase passe a ter coerência externa, é preciso que ocorra a alteração do verbo.

Efetuando a correção, podemos citar um exemplo da frase, desta vez, apresentando coerência interna e externa:

Eu vi João na esquina, que já vinha me apressando para seguirmos caminho, e bebi meu suco.

Qual a diferença entre coerência interna e externa, no fim das contas?

Então, de modo a organizar esse conhecimento, podemos dizer que a coerência interna é aquela que se dá na relação entre as partes de um texto, ou seja, acontece dentro do texto.

Já em relação à coerência externa, podemos dizer que se dá na relação entre as informações contidas em um texto e a realidade do mundo, ou seja, ocorre fora do texto. Neste caso, é preciso se levar em consideração não apenas a relação do texto com os fatos, mas também o possível conhecimento prévio do leitor.

Em uma redação para vestibulares ou no ENEM, por exemplo, a coerência externa depende de fatos, notícias e pesquisas das quais temos conhecimento. Se não temos certeza de um número ou de uma porcentagem, ao fazermos uma menção aproximada, é necessário que ela apresente coerência externa.

Por exemplo: “Cerca de 80% da população mundial é composta por mulheres.”

Sabemos que a afirmação acima não tem coerência externa, pois, levando-se em consideração nossa própria experiência de mundo, ela não condiz com a realidade. Em outras palavras, não há verossimilhança, não tem aparência de que seja verdade.

Assim, quando você não sabe ou não se lembra de um dado específico, o mais adequado, em uma redação, é apontar de forma mais ampla. Para que a frase do exemplo tenha coerência externa, seria possível adaptá-la da seguinte maneira: “A maior parte da população mundial é composta por mulheres.”; ou “Mais da metade da população mundial é composta por mulheres.”

Referências

ALDROVANDI, M. Coesão e Coerência textuais sob a perspectiva da teoria da argumentação linguística.

Graduada em Letras inglês-português pela UNESP-Araraquara e mestre em Estudos Linguísticos (linha de pesquisa Estudos da tradução) pela UNESP- São José do Rio Preto. Professora de português e inglês, redatora comercial e tradutora EN><PT, Fui bolsista CAPES na graduação pelo programa Residência Pedagógica, dando aulas de inglês para sexta série da Educação de Jovens e adultos e durante o mestrado, desenvolvendo a pesquisa "Makumba: Uma proposta de Matrigestão Tradutória à Poética de Amiri Baraka", no qual executei as primeiras traduções para o português de poemas selecionadas do livro Black Magic (1969), do autor afro-americano Amiri Baraka. Hoje, atuo como professora de inglês na escola Aliança América e Redatora para WebGo/Gridmídia, bem como desenvolvo projetos como tradutora, redatora e professora de inglês e português freelance para diversas empresas e contratantes particulares.

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