Estratificação social – O que é? Origem, Tipos e Exemplos

A estratificação social é um conceito muito usado dentro da Sociologia para estudar a desigualdade social e suas causas. Em geral, é comum achar que a questão econômica é a única condição que determina a desigualdade social. No entanto, há outros elementos que precisam ser considerados, como raça, etnia, gênero, idade e crença religiosa.

Esses aspectos podem ser vistos como características mais aceitáveis, desejáveis ou até mesmo repulsivas, dependendo do contexto e da sociedade na qual o sujeito está inserido. E é dentro desse contexto que deve ser analisada a estratificação social, que ajuda a contextualizar a desigualdade social ao dividir a sociedade em níveis diversos. Vejamos melhor a respeito dessa chave de análise aqui, no Gestão Educacional!

O que é estratificação social?

A estratificação social ocorre quando um sujeito ou um grupo obtém vantagens e, assim, alcança privilégios em detrimentos de outras pessoas. Esse conceito é muito utilizado para classificar os indivíduos em grupos conforme suas condições socioeconômicas. Uma forma muito comum de divisão de estratificação social é entre as classes.

Na sociedade ocidental, esse sistema costuma se dividir em classe baixa (pobres), classe média e classe alta (ricos). Dessa forma, a sociedade se organiza hierarquicamente, com os que estão no topo tendo acesso a mais recursos e privilégios, enquanto que os de baixo não possuem acesso a serviços que os de cima conseguem e, portanto, são colocados cada vez mais à margem da sociedade.

A realização dos estudos relativos à estratificação social é importante, pois ajuda a entender como o status, o poder e a riqueza são distribuídos nas sociedades. Com isso, pode-se refletir a respeito da desigualdade além da questão econômica e da concentração de renda, observando também elementos culturais e questões simbólicas que também interferem nesse processo.

Origem do conceito

Os filósofos alemães Karl Marx (1818 – 1883) e Max Weber (1864 – 1920) são os primeiros autores que trataram com maior evidência o conceito em questão. Marx criou o conceito de classes sociais, que são divididas de acordo com a condição socioeconômica e podem ser enquadradas facilmente na questão da estratificação social. Segundo ele, só é possível ao operário ascender no sistema capitalista por meio da revolução, em que o Capitalismo é suplantado pelo Comunismo.

Weber explica as posições de classe além do aspecto econômico e olha sob o viés simbólico, como o prestígio, que também pode influenciar essas mesmas posições. Enquanto Marx aborda o tema como posições sociais de classe, Weber trata do assunto como estamentos, típicos das sociedades feudais da Idade Média, em que era muito difícil ascender socialmente.

Tipos de estratificação social

três tipos principais de estratificação social:

Estratificação econômica

Esse tipo está baseado na posse de materiais e recursos diversos, levando à existência de indivíduos ricos e pobres, além daqueles que estão em situação intermediária, dependendo de para quem vai as riquezas produzidas no país.

Estratificação política

 O foco aqui está na situação de quem tem e de quem não tem o poder para decidir sobre os rumos da sociedade.

Estratificação profissional

Neste caso, a estratificação social se dá de acordo com o tipo de emprego que a pessoa possui e como a sociedade observa e valoriza aquilo. Por exemplo, é muito mais valorizada na sociedade brasileira a profissão de médico ou mesmo de advogado do que de pedreiro ou de servente.

Exemplos

Para exemplificar alguns casos de estratificação social na prática recorremos ao sistema de castas existente na Índia, que não permite nenhuma forma de mobilidade social a seus cidadãos. Ou seja, mesmo que a pessoa se esforce por conta própria e aplique toda a sua capacidade, não poderá atingir uma posição social mais alta.

No sistema de castas indiano, o casamento só é permitido entre indivíduos da mesma casta, isto é, da mesma posição social. Apesar de ter sido abolido em 1947, a tradição faz com que ele persista na prática até hoje.

A África do Sul viveu um sistema de castas entre 1948 e 1994. Nesse sistema, havia uma total separação das raças, promovendo um regime racista em que todas as condições socioeconômicas eram oferecidas aos brancos, enquanto que os negros viviam apartados da sociedade. Aos negros era proibido frequentar os mesmos locais públicos dos brancos, estudar nas mesmas escolas, até mesmo casar com pessoas de outra cor. Após a luta de Nelson Mandela e de um grande movimento negro, o Apartheid foi abolido, ainda que o preconceito persista no país.

Jornalista com 15 anos de experiência, é mestre em América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) na linha de pesquisa Práticas Políticas e Relações Internacionais.

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