Michel Foucault – Quem foi? Biografia e Principais Obras

O filósofo francês Michel Foucault (1926 – 1984) foi um pensador bastante influente no século XX, tendo contribuído com reflexões sobre a relação entre o poder e o conhecimento e como ambos são utilizados pelas instituições para manter o controle social sobre as pessoas. Ele ficou amplamente conhecido por suas críticas ao sistema prisional.

Professor da cátedra de História dos Sistemas do Pensamento de 1970 até a sua morte, Foucault também foi um teórico social, filólogo e crítico literário bastante intenso. Apesar de ter iniciado sua pesquisa próximo ao estruturalismo, teoria ligada à antropologia social, no decorrer de seus estudos, ele se distanciou dela e desenvolveu uma técnica historiográfica própria, denominava como arqueologia do saber, que virou, inclusive, o nome de uma obra, procurando sempre fazer críticas à modernidade.

Vida e Obra Foucault

Michel Paul Foucault nasceu no dia 15 de outubro de 1926, na cidade francesa de Poitiers. Em 1945, ele se mudou para Paris para estudar no Liceu Henry IV e, no ano seguinte, na Escola Normal, onde tomou contato com a Filosofia, área do conhecimento que ganhou a sua simpatia.

Seu temperamento fechado e agressivo o afastou das pessoas. Em 1948, tentou suicídio e acabou recebendo tratamento psiquiátrico. Isso propiciou que ele tomasse contato com a Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise. Também conheceu e passou a ler pensadores como Platão, Friedrich Hegel, Karl Marx, Friedrich Nietzsche, Martin Heidegger, Sigmund Freud, Jacques Lacan e a se aprofundar em Immanuel Kant, apesar das críticas relativas ao filósofo alemão.

Foucault estudou na famosa Universidade de Sorbonne, onde se formou em Psicologia e em Filosofia. No ano de 1950, entrou para o Partido Comunista da França, porém, após divergências de pensamento, afastou-se. Como professor, deu aulas na Universidade de Lille e também na Alemanha, Suécia, Tunísia e Estados Unidos, entre os anos de 1950 e 1960. Ele também atuou como psicólogo em hospitais psiquiátricos e prisões durante muitos anos.

Entre idas e vindas à França, em 1968, tornou-se chefe do departamento de Filosofia da universidade experimental de Paris. Dois anos depois, passou a dar aulas sobre História do Pensamento no Colégio de França. No final dos anos 1970, foi acolhido pela Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, onde fez várias palestras.

Foucault se destacou como ativista social, atuando em inúmeras campanhas contra o racismo e os abusos dos direitos humanos e em manifestações a favor de uma reforma do sistema penal. Em seus últimos anos de vida, dedicou-se a produzir História da Sexualidade, obra na qual buscava analisar como a sociedade ocidental faz do sexo um instrumento de poder. Mas, conseguiu publicar apenas os dois primeiros volumes.

Foucault faleceu em 26 de junho de 1984, devido a complicações da AIDS, sendo a primeira figura pública da França a morrer em decorrência dessa doença. Como homenagem, o parceiro Daniel Defert criou uma instituição de caridade para pessoas com o problema.

Teorias e reflexões de Foucault

Apesar de ter sido chamado de estruturalista e pós-modernista, o pensador francês recusou ambos os rótulos e preferiu nomear seu trabalho como uma história crítica da modernidade. Suas pesquisas influenciaram estudiosos em várias áreas, passando por Sociologia, Comunicação, Teoria Crítica, Teoria Literária etc.

Por exemplo, na sua tese de doutorado, apresentada na Universidade de Sorbonne, em 1961, o tema foi História da Loucura na Era Clássica, em que ele analisou como era tratada a loucura durante o século XVII. Sua crítica se dirigia aos sistemas de normas fundamentais que fundamentam a sociedade, definindo e separando os indivíduos normais dos supostamente anormais. Ele ainda criticava a Psiquiatria e a Psicanálise tradicionais, acusando-as de serem instrumentos de dominação ideológica.

O poder também foi tema de profunda análise de Foucault. Um livro clássico do autor é Vigiar e Punir, de 1975, no qual ele abordou a transição da tortura para a prisão como um modelo punitivo que responde a um sistema social limitador das pessoas e de suas capacidades de expressar as diferenças. Foucault apontava que a prisão, mesmo que por meios legais, era uma maneira de controle e dominação da burguesia, tendo como objetivo prejudicar o proletariado e suas ferramentas de solidariedade e cooperação.

Com esse trabalho, percebeu-se que as formas de pensar também compõem as relações de poder, o que leva à coerção e à imposição. Logo, ainda que seja possível enfrentar a dominação de certos padrões de pensar e agir, é impossível fugir totalmente de todas as relações de poder.

Jornalista com 15 anos de experiência, é mestre em América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) na linha de pesquisa Práticas Políticas e Relações Internacionais.

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