Polissíndeto – O que é? Definição, usos e exemplos!

Entenda o que é o Polissíndeto, saiba para que serve e quando é usado esse tipo de figura de sintaxe e veja exemplos famosos!

O polissíndeto é uma figura de linguagem que faz parte das chamadas figuras de sintaxe.

Figuras de sintaxe, ou figuras de construção, são o subgrupo das figuras de linguagem relacionado à construção das frases – além dela, há também as figuras de palavras, figuras de pensamento e figuras de som. Por isso, elas nomeiam e sistematizam algumas das transgressões que podemos fazer às regras gramaticais da nossa língua de forma proposital.

Mas por que não escreveríamos na norma culta de propósito?

Bom, muitas vezes buscamos dar um efeito particular ao que estamos escrevendo ou criar um estilo próprio, principalmente na escrita criativa, como poesias e narrativas.

O que é Polissíndeto

Polissíndeto - O que é? Definição, usos e exemplos! Gestão Educacional/Mamewmy - FreePik.com)
Polissíndeto – O que é? Definição, usos e exemplos! Gestão Educacional/Mamewmy – FreePik.com)

A palavra polissíndeto vem do grego “polysyndeton”, que significa “que contém muitas conjunções”. Essa ocorrência sintética é contrária ao assíndeto, ou seja, é a repetida utilização das conjunções coordenativas, em especial as aditivas.

O termo “síndeto” refere-se precisamente às conjunções coordenativas, seja entre orações ou entre termos em uma oração. Por isso, quando há duas orações coordenadas – independentes entre si – ligadas por conectivos, elas são chamadas de orações sindéticas.

Observe as duas frases:

A professora entrou.
O aluno saiu.

Ambas fazem sentido isoladamente, mas podem ser unidas em uma única frase. Para isso, basta adicionar uma conjunção: “A professora entrou e o aluno saiu.”

Assim, passamos a ter um período composto por coordenação.

Quando essas coordenações aparecem repetidamente, de modo reiterado, temos a figura de sintaxe do polissíndeto.

Exemplos de Polissíndeto

Esse recurso estilístico pode ter a função de trazer ênfase à continuidade de ações, à sucessão, ou, a depender da escolha de palavras, a uma escalada gradativa. Serve também à intensificação do discurso, a exemplo de frase da crônica “O telefone”, de Rubem Braga. Observe:

Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge. Isso me trouxe, é certo, um sossego ao lar.
“Vão-se as nuvens da aurora,
E só ficam as palhas
E os espinhos das rosas
Ai, que berram as cabras,
E não posso feri-las,
E não posso enxotá-las”
(Cecília Meireles)
“Enquanto os homens exercem seus podres poderes
índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval.”
(Caetano veloso)

Diferença entre polissíndeto e anáfora

Uma vez que tanto a figura de linguagem do polissíndeto como da anáfora envolvem repetição, pode ser que algumas pessoas confundam os conceitos.

Enquanto o polissíndeto consiste na repetição de síndetos, ou seja, de conjunções, a anáfora se caracteriza pela repetição de uma ou mais palavras no início de orações, não sendo, necessariamente, conjunções.

Trata-se de um recurso também bastante utilizado em poesias e letras de música.

Outros tipos de figuras de sintaxe

  • Elipse
  • Pleonasmo
  • Anacoluto
  • Antecipação
  • Braquilogia
  • Haplologia sintática
  • Contaminação sintática
  • Expressão expletiva
  • Assíndeto
  • Polissíndeto
  • Hipérbato

Referências

BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. 37 edição. Rio de Janeiro: Editora Nova fronteira, 2009.

CUNHA, C; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 7. Ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017.

Portal da Crônica Brasileira: Rubem Braga, “O telefone”

Graduada em Letras inglês-português pela UNESP-Araraquara e mestre em Estudos Linguísticos (linha de pesquisa Estudos da tradução) pela UNESP- São José do Rio Preto. Professora de português e inglês, redatora comercial e tradutora EN><PT, Fui bolsista CAPES na graduação pelo programa Residência Pedagógica, dando aulas de inglês para sexta série da Educação de Jovens e adultos e durante o mestrado, desenvolvendo a pesquisa "Makumba: Uma proposta de Matrigestão Tradutória à Poética de Amiri Baraka", no qual executei as primeiras traduções para o português de poemas selecionadas do livro Black Magic (1969), do autor afro-americano Amiri Baraka. Hoje, atuo como professora de inglês na escola Aliança América e Redatora para WebGo/Gridmídia, bem como desenvolvo projetos como tradutora, redatora e professora de inglês e português freelance para diversas empresas e contratantes particulares.

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