Primeira Revolução Industrial – O que foi? Pioneirismo, Data, Consequências

A Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX, cuja principal característica foi o surgimento de novos processos de produção, com a transição dos métodos de produção artesanais para uma produção feita por máquinas.

Essa mudança nos meios de produção se dividiu em dois momentos principais, nos quais a tecnologia evoluiu gradativamente, a partir da Inglaterra – a grande pioneira desse movimento -, espalhando-se depois pelo restante do continente europeu.

O termo “Revolução” e as datas

Não há consenso entre os acadêmicos sobre o início da Primeira Revolução Industrial e sua duração. Eric Hobsbawm, por exemplo, considera um período que vai de 1780 a aproximadamente 1840, enquanto que para Thomas S. Ashton esse período vai de 1760 a 1830.

Embora tenha se popularizado, o próprio termo “revolução” não é aceito por muitos historiadores, que argumentam que as mudanças ocorreram de forma gradual.

O que foi a Primeira Revolução Industrial

Até a metade do século XVIII, o trabalho era desenvolvido em casas ou oficinas e feito por artesãos, mulheres, homens e crianças. Tudo era executado de forma manual, o que demandava muito tempo, uma vez que os trabalhadores precisavam realizar todas as etapas do sistema produtivo.

A partir da Primeira Revolução Industrial, esse trabalho passou a ser desenvolvido em fábricas com a utilização de máquinas. Tal avanço tecnológico permitiu otimizar o tempo, possibilitando uma produção em maior escala e, consequentemente, um aumento dos lucros.

À medida que vão surgindo novas máquinas, surgem também novas fábricas, cujos donos passam a investir nas novas tecnologias. Também aparecem as divisões de trabalho, nas quais o trabalhador, que antes participava de quase todas as etapas de produção, agora passa a exercer apenas uma função dentro do processo produtivo. 

Outra consequência foi o surgimento do trabalho assalariado, ou seja, o trabalhador passa a ser um funcionário que recebe uma remuneração pela sua produção. O processo de produção e seu controle agora estão nas mãos do patrão, enquanto o trabalhador vende a sua mão de obra, criando, assim, novas relações de trabalho.

O pioneirismo inglês

São muitos os fatores que fizeram da Inglaterra a pioneira nos processos de revolução industrial, dos quais podemos destacar:

  • Políticas liberais: as políticas econômicas liberais adotadas quebraram o rígido sistema das guildas (as corporações de ofícios) e passaram a possibilitar o progresso tecnológico e o aumento da produtividade;
  • Tratados comerciais: os ingleses haviam firmado vários tratados comerciais com outras nações, o que facilitava a entrada dos produtos ingleses nesses mercados;
  • Abundância de matérias primas naturais: a Inglaterra possuía grandes reservas de itens, como ferro, carvão e lã, essenciais para o crescimento das indústrias;
  • Burguesia rica e capitalizada: a classe burguesa inglesa era rica e estava disposta a investir em novas fábricas e máquinas;
  • Acesso ao mar: a Inglaterra tinha fácil acesso ao mar, o que facilitava sobremaneira o escoamento e transporte de seus produtos para os mercados consumidores.

As máquinas

Entre o maquinário inventado nesse primeiro momento, destaque para:

  • Máquina de fiar: essa máquina transforma em fios as fibras têxteis de algodão, seda e lã para a fabricação de tecidos. Foi uma invenção que revolucionou a técnica de produção, permitindo que a Inglaterra se tornasse a maior produtora de fios para tecidos naquele período;
  • Tear mecânico: essa máquina foi criada para substituir o tear manual, aumentando de forma considerável (aproximadamente 40%) a produção de tecidos.

Consequências

A introdução de máquinas nos meios de produção possibilitou aos proprietários das fábrica o aumento da produção em menos tempo, bem como o aumento dos lucros e, consequentemente, o desenvolvimento da economia. Por outro lado, criou um abismo entre as classes sociais, à medida que grande parte dos trabalhadores passou a ser substituída por máquinas.

Com o aumento do desemprego, o trabalhador, para manter seu emprego, era obrigado a trabalhar até 15 horas por dia em péssimas condições, e em troca de um salário baixo. Além disso, mulheres e crianças também eram obrigadas a trabalhar para conseguirem sustentar suas famílias. 

O processo como um todo aumentou as desigualdades entre burguesia e proletariado, criando uma relação laboral entre eles extremamente injusta ao trabalhador.

Bacharel em História pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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