Teocracias de regadio – Egito e Mesopotâmia

As teocracias de regadio eram o modelo de duas importantes civilizações antigas. Tratava-se de uma organização de governo com base na religião e isso ocorreu no Egito e na Mesopotâmia. Entenda melhor o que significa isso e como essas duas regiões se constituíram como sociedades hidráulicas.

O que é teocracia?

Teocracia vem de duas palavras de origem grega: “Theós”, que significa Deus, e “Cracia”, que é governo. Portanto, significa um governo no qual um ou vários deuses ocupam espaços importantes, seguindo uma doutrina religiosa.

A religião se torna fundamento para leis e regramentos. Assim, o governante assume a posição de uma espécie de representante de Deus ou da divindade que, em tese, é quem realmente governa aquele Estado. Há, portanto, uma grande centralização do poder religioso e político.

Para teocracias de regadio, a concentração do poder contribui para o controle do grande número de trabalhadores que atuavam na construção e manutenção de irrigações. Dessa maneira, toda a responsabilidade pelas obras recaía sobre o Estado.

O que foram as sociedades hidráulicas?

As sociedades hidráulicas são civilizações que cresceram às margens de rios, com uma economia baseada na agricultura. Portanto, eram totalmente dependentes de canais de irrigação para se desenvolverem.

Como exemplos, temos a Civilização Egípcia, que cresceu nas margens do Rio Nilo, e a Civilização Mesopotâmica, da região do Crescente Fértil, entre os rios Tigres e Eufrates.

Mesopotâmia

Um dos exemplos de teocracias de regadio, a Civilização Mesopotâmica se desenvolveu entre os rios Tigres e Eufrates. Trata-se do local em que hoje é o Iraque.

O crescimento ocorreu inicialmente na Alta Mesopotâmia, ao Norte, que permitia uma agricultura mais fácil. Apenas um tempo depois a Baixa Mesopotâmia passou a ser povoada, quando melhores técnicas de irrigação já haviam sido desenvolvidas.

A religião tinha uma crença em deuses antropozoomórficos e imortais. Os preceitos dessa teocracia tinham forte inspiração nas crenças dos sumérios, que habitavam a região antes do estabelecimento do Império Mesopotâmico.

Egito

O Egito é um caso ainda mais popular entre as teocracias de regadio, até mesmo devido ao maior acervo histórico. A civilização se desenvolveu nas margens do Rio Nilo.

Existia, inicialmente, o reino do Alto Egito e o do Baixo Egito, até que, em 3.200 a.C., Menés liderou o processo de unificação. Ele passou a ser chamado então de faraó, que significa “rei das duas terras”.  Seu poder foi passado de forma hereditária e, como os egípcios enxergavam os faraós como deuses, o governo virou uma monarquia teocrática.

O faraó passava a ser, portanto, o rei e uma divindade na terra. Dizia-se, inclusive, que Menés era filho do deus Hórus, de quem herdou o trono. Desta forma, a região seguia a doutrina religiosa, considerando faraós como descendentes diretos dos deus.

Economia e importância da agricultura

Para as teocracias de regadio, bem como para outras nações agrícolas, o desenvolvimento das técnicas de agricultura levou, também, ao crescimento do comércio nessas regiões. Isso porque, com a concentração do trabalho no plantio, havia a possibilidade de acumular excedentes e vendê-los.

Além disso, essas sociedades acabaram por melhorar os utensílios próprios da atividade agrícola, avançando nas estratégias e técnicas para melhor aproveitamento do solo.

Outras sociedades hidráulicas

Apesar de Egito e Mesopotâmia serem casos marcantes, as sociedades hidráulicas não são exclusivas das duas regiões na Antiguidade. Outras importantes civilizações se desenvolveram em torno de rios. É o caso da China, com o Rio Amarelo e Yang-Tsé, e da Índia, com os rios Ganges e Indo.

Na América do Sul, a Civilização Inca foi um grande exemplo de sociedade hidráulica, também com administração centralizada. Os incas habitavam, inicialmente, a região de Cusco, no Peru, mas deram início a uma intensa expansão no século XII.

O Império Inca chegou a compreender desde a atual Colômbia até o noroeste da Argentina, dominando toda a região dos Andes. Realizavam grandes obras hidráulicas para tirar proveito dos vales andinos e de seus rios, construindo extensos canais. Um local de destaque dessa civilização foi o vale do Urubamba, rio afluente do Amazonas, que por sua fertilidade e intrincada estrutura ganhou o nome de Vale Sagrado dos Incas.

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Referências

Antiguidade Oriental: Egito e Mesopotâmia, Educator: São Luís. 2012.

Formado em Jornalismo e História, trabalho com comunicação há mais de 10 anos. Passei por editoras, jornais e diversos sites da área. Tenho também o projeto Outro Lado da História, que vista contar a história brasileira com no ponto de vista do povo e sem fake news.

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