Marginalização – O que é? Desigualdade, Exemplos e Críticas

A marginalização é um conceito criado dentro da Sociologia para marcar um grupo social ou mesmo um indivíduo que é alijado da sociedade, tanto do ponto de vista cultural, quanto social e econômico. Essa expressão dialoga bastante com a discussão a respeito da desigualdade e da exclusão social, temas tão em voga nos dias de hoje, considerados por muitos especialistas como verdadeiros entraves para o desenvolvimento brasileiro.

Neste artigo, vamos entender um pouco melhor como funciona o conceito de marginalização na sociedade, a sua relação com a desigualdade e a exclusão social, alguns exemplos de marginalização e como todas essas teorias se aplicam e dialogam com a sociedade, só aqui, no Gestão Educacional!

O que é marginalização?

Marginalizado é aquele que é colocado à parte, de maneira inferior, dentro da sociedade. Portanto, aqueles que estão marginalizados são denominados, pelo senso comum, como “vagabundos”, “vadios”, “marginais”, “indigentes”.

O conceito de marginalização se atualizou e compõe um processo que depende de diversos aspectos, como condição socioeconômica e também pertencimento étnico. Essa situação leva o indivíduo ou grupo social à exclusão social, que é quando a pessoa ou o agrupamento é excluído das relações sociais e de trabalho. À margem da sociedade, ambos não têm acesso garantido à saúde, educação, moradia, alimentação, entre outros direitos garantidos pela Constituição Federal.

Um dos principais fatores relacionados à marginalização é a pobreza, pois é na falta de acesso ao trabalho e à renda para conseguir subsistir que as condições para a exclusão social se agudizam. A dificuldade de se estabelecer em grandes centros urbanos, mais caros e repletos de obstáculos também é outro elemento que leva à marginalização, assim como a problemática para promover vínculos sociais. Questões que envolvem a saúde mental, como doenças mentais e o consumo de drogas, também devem ser considerados nesse aspecto.

Marginalização e desigualdade

O sociólogo francês Robert Castel (1933 – 2013) considera que a marginalização é um processo de exclusão proporcionado pelas desigualdades sociais. Ou seja, a precarização do trabalho, a “desfiliação social”, a ausência de vínculos sociais, a invisibilidade e a vulnerabilidade aos quais os marginalizados estão submetidos revelam essa dificuldade de mudar tal condição.

“Trata-se de tentar tomar a marginalização como um processo e de compreender a situação desses indivíduos como resultado de uma dinâmica de exclusão, que se manifesta antes que ela produza efeitos completamente dessocializantes”, atesta Robert Castel no artigo A dinâmica dos processos de marginalização: da vulnerabilidade à “desfiliação”.

É importante salientar que se tornar marginalizado ou mesmo sair desse processo não é um ato de pura e simples escolha do indivíduo. Isso porque, ele ou mesmo um grupo social que está apartado da sociedade acaba sendo empurrado pelo próprio processo de desigualdade social e econômica, além de elementos culturais e até mesmo de características individuais, por exemplo, a sensação de não pertencimento ou de deslocamento em relação à sociedade.

Exemplos de marginalização

Para melhorar o entendimento a respeito dessa temática, vejamos alguns exemplos práticos de marginalização. Para isso, é importante compreender que, no capitalismo, o trabalho se coloca como uma das principais formas de se inserir socialmente. Para acessá-lo, porém, é fundamental passar pelo sistema de ensino, da creche até o ensino superior. O acesso à saúde (bucal, inclusive) também é importante para garantir uma vaga.

Dessa forma, quem não passa por esse circuito e, consequentemente, não consegue um trabalho, acaba ficando marginalizado. A eles sobram apenas trabalhos mecânicos, braças, com vínculos vulneráveis, ou então relegados à informalidade.

A questão da moradia também é outro ponto de marginalização. Com o preço exorbitante nos grandes centros urbanos, acaba sobrando as franjas periféricas, cada vez mais distantes do trabalho e de muitos equipamentos públicos, acentuando a marginalização pela qual muitas famílias sofrem.

Conclusão

O contingente de pobres e excluídos socialmente no Brasil tem crescido novamente nos últimos anos. Atribui-se isso ao corte no financiamento de políticas públicas que financiem a emancipação de quem mais precisa, além da crise econômica que tem fechado muitos postos de trabalho e diminuído o poder de compra do consumidor.

Para combater isso, é preciso inserir essas pessoas na sociedade, de fato, para que elas tenham acesso à saúde, educação, alimentação, moradia, renda e ao trabalho. Só isso reduzirá a marginalização que grassa boa parte da nossa sociedade e deixa o país em dívida com muitos de seus cidadãos.

Jornalista com 15 anos de experiência, é mestre em América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) na linha de pesquisa Práticas Políticas e Relações Internacionais.

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