Sociedades sem classes sociais – O que são? Classes sociais em Marx

Após os primórdios em que o homem viveu como nômade, surgiu aos poucos a necessidade de buscar um maior contato de proximidade entre eles. O início dessas relações proporcionou o início do desenvolvimento da agricultura e o estabelecimento das primeiras cidades. Com isso, as sociedades começaram a ser formadas, gerando, consequentemente, as classes sociais e a divisão que conhecemos hoje.

Na contramão desse fato histórico, há diversas teorias que abordam uma sociedade sem classes sociais, questionando os problemas relacionados às divisões proporcionadas pelo sistema capitalista, por exemplo. Neste artigo, entenderemos o que são classes sociais, como elas se situam no Estado capitalista e também exemplos de sociedades sem classes sociais.

O que são classes sociais?

Para podermos abordar a temática deste artigo, precisamos, primeiro, compreender melhor o que são classes sociais e qual o papel delas na sociedade. Em suma, classe social é uma expressão utilizada para determinar e diferenciar indivíduos em grupos com padrões culturais, políticos e econômicos.

Esse conceito parte do princípio de que as pessoas são diferentes e ocupam lugares distintos na sociedade. Do ponto de vista da Sociologia, não se pode tratar das classes sociais sem apontar a relação desigual entre elas. O que marca as classes sociais é justamente a diferença na oportunidade de acesso a diversos poderes, como o político, o econômico, os bens culturais, a educação etc. Em última instância, uma classe social só existe em relação a outra. Ou seja, não é possível tratar de classe dominante sem existir uma classe dominada.

Classes sociais em Marx

O conceito de classe social foi mais bem desenvolvido pelos pensadores e revolucionários Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895), que sustentavam que a história das sociedades era a história dos conflitos entre dominantes e dominados, definidos pelos autores como luta de classes.

Um exemplo disso, segundo o pensamento marxista, é o Capitalismo, um período surgido a partir da Revolução Industrial do século XIX, que acabou colocando frente a frente a burguesia, que detém os meios de produção, e o proletariado, que vende a sua força de trabalho por um salário.  Nesse sentido, a classe dominante controla a economia e também toda a vida social, incluindo os aparatos jurídicos e políticos, além de exercer sua hegemonia no âmbito das ideias.

Por fim, dentro da teoria marxista, o próprio capitalismo não logrou êxito em superar as contradições de classe, mas sim criou novas condições de exploração do trabalhador. Isso acabaria gerando as condições para que se ocorra a transformação social, cabendo ao proletariado a tomada de consciência de classe para se mobilizar e, por meio de uma revolução, tomar o poder e implantar um novo sistema de governo, sem classes sociais.

Abolição das classes sociais em Marx

A sociedade sem classes sociais consta na teoria de Marx como a etapa final da revolução social. Nesse caso, as classes seriam abolidas pelos trabalhadores e não haveria mais esse tipo de distinção, acabando com a propriedade privada e a concentração de riqueza. Sem a propriedade dos meios de produção, a burguesia iria desaparecer, se instalando em seu lugar uma ditadura do proletariado, que cimentaria as condições para a implantação do Comunismo.

Pode-se dizer que a única tentativa de se implantar o comunismo foi com a Revolução Bolchevique, em 1917, que derrubou o czarismo na Rússia e implantou a União Soviética, que existiu até 1991, tendo sido dissolvida após pressão popular e também devido a um acentuado declínio econômico vivido pelo país. Porém, muitos especialistas questionam o chamado “socialismo real” vivido na Rússia, que estaria muito distante das teses marxistas e da sociedade sem classes sociais indicada pelo filósofo alemão.

Sociedades sem classes sociais na pré-história

Fora essa experiência anteriormente citada, apenas nos primórdios da civilização, muito antes da formação dos Estados e das classes sociais como as conhecemos hoje, pode-se determinar a existência de algo como uma sociedade sem classes, também conhecido como comunismo primitivo. Esse arranjo existiu no período paleolítico, em que o homem ainda não produzia o que consumia e também vivia em qualquer lugar. Ele caçava animais, pescava peixes e colhia frutas, folhas e raízes, sendo o resultado de tudo que era tirado da natureza dividido entre os membros da tribo.

Com o passar do tempo, os homens começaram a ter maior noção do território, fazendo com que abandonassem o nomadismo, o que os levou ao sedentarismo. Junto a isso se desenvolveu a agricultura, que produziu uma vasta divisão do trabalho, em que alguns plantavam, outros atuavam nos moinhos e outros defendiam as terras, formando os primeiros exércitos, um embrião potencial do que seriam as classes sociais no futuro, com o surgimento das cidades, a criação das sociedades regidas sob leis etc.

Jornalista com 15 anos de experiência, é mestre em América Latina pela Universidade de São Paulo (USP) na linha de pesquisa Práticas Políticas e Relações Internacionais.

Deixe seu comentário