Era vitoriana – O que foi? Quando ocorreu? Avanços científicos e Críticas

Era vitoriana é o nome que se dá ao período do reinado da rainha Vitória, na Grã-Bretanha, que vai de junho de 1837 a janeiro de 1901. Seu reinado simbolizou a expansão máxima e o sucesso do Império britânico

É um período marcado por grandes acontecimentos, mas também por fortes contradições, pois se por um lado houve uma evolução da ciência em várias áreas, também houve um aumento acentuado do conservadorismo, do moralismo, da rigidez nos costumes, além, é claro, da exploração exacerbada do trabalho.

A classe média vitoriana

Com a ascensão da rainha Vitória ao trono, deu-se início a uma prolongada etapa de crescimento e progresso científico, que ficou conhecida como Pax Britannica, financiada com os lucros obtidos com o colonialismo da Inglaterra ao redor do globo, e com o auge da Revolução Industrial. Esse panorama propiciou o surgimento de uma camada social média e ilustrada.

Esse grupo se definia como “middle class”, como forma de distingui-la da “upper class”, constituída pela nobreza e pelos aristocratas de grandes famílias e também pela alta burguesia, formada por banqueiros e homens de negócios que haviam enriquecido graças à recente industrialização. Essa pequena burguesia tentava imitar os costumes e as normas sociais que eram definidos pelas classes mais elevadas.

Avanços científicos

O enriquecimento do país permitiu avanços em várias áreas da ciência, como a inauguração do primeiro cabo telegráfico transatlântico, ligando a Europa aos Estados Unidos, em 1858, a publicação, no ano seguinte, do livro “A origem das espécies”, na qual Charles Darwin apresenta a Teoria da Evolução, e a invenção do telefone, patenteado pelo escocês Graham Bell, em 1876.

Literatura

A literatura da era vitoriana é muito rica, com nomes que ficariam consagrados na história da literatura mundial, tais como Oscar Wilde, Charles Dickens, Jane Austen e as irmãs Charlotte, Emily e Anne Brontë.

A literatura do período pode ser dividida entre os romances que narram os gostos e hábitos da burguesia que se enriquecia e os autores que se dedicaram à ficção científica ou ao terror, com destaque para autores como Mary Shelley, que explorava os limites da ciência em sua obra “Frankenstein”. Além deles, impossível não citar o célebre Arthur Conan Doyle, responsável pela criação do famoso detetive Sherlock Holmes.

Críticas

Moralismo exacerbado

Apesar dos avanços e das inovações obtidos na Era Vitoriana, nem tudo era perfeito. Ao mesmo tempo em que se apoiava o progresso, a sociedade britânica ainda era extremamente conservadora e moralista.

Os homens dominavam tanto os espaços públicos como os privados e as mulheres deviam ser submissas e se dedicar em exclusivo à manutenção do lar e à educação dos filhos. A insatisfação feminina era inaceitável, malvista e considerada um distúrbio. A castidade era uma virtude que devia ser protegida, e o sexo era uma repulsa.

Esse código de conduta moral se refletia na moda, com as mulheres usando vestidos de gosto duvidoso, que cobriam todo o seu corpo. Peças como espartilho e corpetes eram quase que obrigatórias, pois restringiam os movimentos das mulheres. Alguns vestidos chegavam a pesar 15 quilos. Somente em bailes ou em encontros sociais noturnos, como ópera ou teatro, é que as mulheres podiam exibir os braços, os ombros, a nuca e também o colo, com um discreto decote.

Mas, toda essa moralidade não impedia que jovens de 15 a 20 anos, oriundas das classes pobres, ganhassem a vida como prostitutas.

Exploração do trabalho

Enquanto as classes mais abastadas usufruíam da prosperidade gerada pela industrialização, as classes trabalhadoras viviam em condições extremamente precárias, trabalhando mais de 14 horas por dia, e com uma expectativa de vida que girava em torno de apenas 37 anos, em 1837.  Em geral, os trabalhadores não possuíam quaisquer benefícios sociais.

O trabalho infantil era um grave problema. As crianças oriundas de famílias mais pobres precisavam ajudar no orçamento familiar, e eram obrigadas a executar trabalhos de alto risco em troca de ordenados bastante baixos. Os acidentes de trabalho eram comuns, causando a morte de muitas crianças nos seus locais de trabalho. O pó e a umidade das fábricas faziam com que muitas crianças morressem de doenças contraídas no trabalho, tais como tuberculose, asma e alergias.

Bacharel em História pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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