Proletariado (ou Operariado) – O que é? Como surgiu?

O termo proletariado vem do latim, da palavra proletário, no antigo Império Romano. Tratava-se de homens que não tinham posses.

Um termo muito comum, especialmente devido ao debate sobre capitalismo x comunismo, é o de Proletariado. Porém, o termo é referente apenas à polarização da Guerra Fria? Saiba um pouco mais dessa história neste artigo.

A origem do Proletariado

O termo proletariado vem do latim, proles, que significa descendência, progênie, no antigo Império Romano. O rei Sérvio Túlio utilizava a palavra “proletários” de modo depreciativo, para fazer referência àqueles indivíduos cuja única função era a de gerar proles.

Tratava-se de homens que não tinham posses. Porém, tinham filhos, que eram vistos como única coisa a oferecer ao Império, pois serviriam ao exército. 

Ressignificação com Marx

Só que o termo se popularizou mesmo no século XIX, com o filósofo alemão Karl Marx. Ele usou o termo proletariado para indicar o trabalhador assalariado, o qual, segundo ele, não teria condições de deixar a pobreza.  

Marx se referia ao trabalhador do regime capitalista após a Revolução Industrial. O novo sistema gerou uma nova divisão de classes e uma nova interpretação da realidade. 

De acordo com o pensador alemão, o proletariado correspondia ao trabalhador que tinha como único bem sua força de trabalho. O emprego do conceito servia para se contrapor à noção de burguesia, a qual detinha os meios de produção e, consequentemente, compraria a força de trabalho do operário.

Contudo, a relação entre essas duas classes sempre se mostrou extremamente desigual. A exploração dos trabalhadores pela burguesia, em busca de lucro, fez com que os operários buscassem formas de organização.

Condições de trabalho e leis

Neste período, os trabalhadores tinham jornadas exaustivas, de mais de 12 horas por dia, chegando a até 17 horas diárias. Não havia também descanso semanal e nem férias. O salário era baixo e insuficiente até mesmo para a comida e moradia.

Não existia nenhum outro tipo de direito, como licença maternidade e nem previdência. O proletariado teria que trabalhar até quando tivesse condições em uma época em que a expectativa de vida era baixa e as pessoas mais pobres viviam em situações insalubres. Não havia regulamentação sanitária nas fábricas e acidentes de trabalho eram bastante comuns.

Isso fazia com que a situação fosse similar ao uso do termo proletário do Império Romano, pois a chance de ter um descanso era ter mais filhos trabalhando para aumentar a renda familiar. Além disso, crianças deviam começar a trabalhar o quanto antes, enfrentando as mesmas condições precárias dos adultos. Obviamente, crianças e mulheres recebiam pagamentos mais baixos que homens.

Organização e sindicatos

O início das manifestações se deu ainda no século XVIII, com o ludismo, movimento que ocorreu na Inglaterra. Eram operários que agiam escondidos, encaminhando cartas anônimas aos proprietários de fábricas, a fim de criticar o uso de máquinas. Com a Revolução Industrial e a automatização de parte do trabalho, muitos perderam seus empregos graças à mecanização.

Assim, alguns ingleses se uniam para invadir fábricas e quebrar as máquinas desses locais. Isso levou a uma série de conflitos entre a população e policiais, até que, em 1812, a Inglaterra aprovou uma lei que punia quem quebrasse máquinas com a pena de morte.

Apesar dos conflitos com a lei, inspiradas no ludismo, organizações se formaram na Inglaterra e, em 1824, o governo passou a permitir a livre associação de trabalhadores.

Desse modo, observamos que a conquista de direitos trabalhistas só ocorreu quando os operários começaram a se organizar em sindicatos e a promover greves, pressionando os governos ao longo do século XIX e início do século XX.

Ditadura do Proletariado

Para Karl Marx e Friedrich Engels, por ser maioria numérica, o proletariado teria condições de contra-atacar a opressão promovida pela burguesia e tomar os meios de produção

A criação de um governo socialista acabaria com a divisão de classes e garantiria melhores condições para o povo. Isso ficou conhecido como “Ditadura do Proletariado”.

Proletariado e Trabalhador são a mesma coisa?

Não exatamente. O proletariado é o trabalhador assalariado que vende a sua mão de obra para a burguesia.

No entanto, devido ao entendimento de que outras classes também podem se identificar como trabalhadores, não seria apropriado utilizar como sinônimos. Isso porque os demais trabalhadores podem, por exemplo, vender produtos que obtêm de seu trabalho ou, mesmo, seus serviços.

O proletário, por sua vez, vende sua habilidade de trabalhar em troca do salário. Aquilo que produz não pertence a ele, mas ao empregador.

Referências

http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300909273_ARQUIVO_Anpuh_2011_Eliel_Machado.pdf

https://www.scielo.br/j/sant/a/hZgw6xBpY3SyQwCjXDdtNGm/?format=pdf&lang=pt

 

Formado em Jornalismo e História, trabalho com comunicação há mais de 10 anos. Passei por editoras, jornais e diversos sites da área. Tenho também o projeto Outro Lado da História, que vista contar a história brasileira com no ponto de vista do povo e sem fake news.

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